terça-feira, 15 de dezembro de 2009

"O Grito, de Edvard Munch"

Revoltada com a morte de um pessoa muito querida para essa violência absurda!


Eu fico me perguntando por que tinha que ser assim...ele partir de uma forma tão bruta, tão cruel, tão sofrida!

Por que meu Deus?

Quanta maldade impera nesse mundo e sangues de inocentes são derramados, mas ninguém muda, só choramos e voltamos a viver como se tivéssemos que ACEITAR que as fatalidades são NORMAIS e ponto em seguida porque a vida continua para nós. Somos pacíficos, somos insensíveis, somos egoístas...quem está no poder não quer estar para cumprir o dever, mas pra se aproveitar dos outros, da gente...

Cadê a educação? Cadê a segurança? Cadê os empregos? Cadê a cultura? Cadê assistência à saúde? Cadê Deus no coração dessa gente? Cadê?! Cadê o amor? Cadê o respeito?

A vida vale tão pouco né...só pra impor "respeito" tira-se a vida alheia! Autoritarismo e medidas coercitivas não formam respeito...só o medo e medo não implica em respeito!

A vida não é nada né...por uma miséria enfia-se a faca no peito, atira-se com revolver, quebra-se um pescoço e sai rindo, vangloriando do horripilante feito...


Por que viver de matança, de roubo, de estupro, de drogas, de violência, de ódio, de suborno, de corrupção, de mentiras?!


São vítimas do "SISTEMA"? Não somente. A cabeça pensa, se são capazes de arquitetar as mais mirabolantes atrocidades, poderiam usar para o lado que constrói e não o oposto!

Doentes psiquiátricos? Punição? Pena de morte?

...

Cadê a empatia? Cadê a generosidade? Cadê a solidariedade? Cadê o amor? Cadê os valores? Cadê a família?!


É filho matando pai, pai matando filho, é criação pela TV, sem limites, ou excesso deles, modelos errados...

Cadê o diálogo? Cadê a compreensão? Cadê o acolhimento? Cadê o amor?

Onde estamos meu Deus?!

O sofrimento continua e a maldade desse mundo também...

Quanta desgraça o homem é capaz de fazer...

E permanece o lamento...o choro... e o que conforta? o que alivia? Talvez o tempo, sustentando-se naquilo em se acredita, pois NADA traz a pessoa morta de volta à esta vida, nem quando se é feita a "JUSTIÇA".

Por que tinha que ser assim...ele partir de uma forma tão bruta, tão violenta, tão impiedosa, tão cruel!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009



É tarde

Se você olhar um pouco ao seu redor
Vai poder notar que a noite já caiu
Se você voltar pra casa e não achar ninguém
Vai notar que na cidade falta alguém

Se você ligar o rádio
Todas as canções irão dizer: Goodbay, so long, my love

Se você ligar o rádio
Todas elas juntas vão dizer: é tarde

Se você perdeu agora a ilusão
De que os fatos eram fios em suas mãos
Vai querer tirar do armário o velho violão
Vai notar que ainda falta uma canção

Se você ligar o rádio
Todas as canções irão dizer: Goodbay, so long, my love

Você vai deixar na lista
Das tarefas de amanhã: chorar mais tarde

E quando o sol da manhã bater na porta
E quando nada lá fora agora importa
Tudo bem, é tarde

(Cirilo-Skank)

domingo, 22 de novembro de 2009


Ei não sei porque...

se é seu sorriso, sua sonora risada, seus olhos pequeninos ou sua voz desafinada...


Das palavras: sonhos, imagens, desejos, CERTEZA.


E os caminhos para as metas permeados por receios, conselhos e segredos...


Eu não sei dizer...


ou melhor eu sei...

terça-feira, 13 de outubro de 2009


Doutor,

Eu andava saudosa das tuas visitas e checagens. Enviei pra ti minhas suspeitas e muitos dias se passaram até receber tua avaliação. Foi uma baita surpresa e, tão logo me dispus a te ver e a te ouvir.

Eu fui salva novamente. Sim, mais uma vez, me apareceste no momento certo, onde poucas, porém fortes coisas me abalaram. Volveram lágrimas, mas você me fez sorrir. Sorrir até...receber uma notícia inesperada de ti. Puxa, ao mesmo tempo era uma resposta, e ao mesmo tempo pedia perguntas, me confirmava uma aproximação e me pedia um afastamento.

Por essa Doutor, me superaste!

Ainda bem que vieram acompanhadas, temas e conversas que nos fascinam desde sempre, e a mais pontual das perguntas que demonstrou que estavas ciente da minha mais recente aventura.

Desse jeito não há como não sentir...

Foi muito misto, porém saldo positivo. Estava enganada, das suas doses, não me canso. Adoro.

Encantada

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Bicho-papão do mundo de Harry Potter em transformação. Para o mundo bruxo de Rowlling, o bicho-papão se transforma no nosso medo. Para combater um bicho-papão, deve-se pensá-lo em uma situação que ridicularize o medo e dizer a palavra Ridikulus.


Você tem medo de que?


Sentir medo é normal. É da espécie, é um instinto de sobrevivência, que sem dúvida se existe até hoje, é porque teve e tem sua função.


Assim, em situações que nos amedrontam, evitamos, ficamos longe. Natural reação. Mas, existem os medos "irracionais", aqueles, que são aprendidos por alguma situação desagradável em algum momento da vida, ou aprendido com outros, por modelos. Quando a reação é desproporcional e afeta a qualidade de vida da pessoa, isso se torna um problema, daí vem as infinitas fobias...é preciso ser tratado.


Mas não estou pra falar desses medos exagerados. Falo dos medos que nos aparecem, na vida diária (não que os outros não apareçam assim), falo dos medos não patológicos, pelos menos inicialmente. Medo nos faz ficar alerta, é um momento de estresse para o organismo. Medo é uma ameaça, por isso o corpo se prepara para lutar ou fugir. Entretanto, tenho pensado que o que mais nos assusta, é o desconhecido. Quando sabemos o que nos espera determinada situação, quando podemos prever certas coisas, o medo sentido é um, e quando não fazemos idéia das conseqüências das ações que teremos, do que teremos que enfrentar, o medo é outro.

E, dependendo da nossa história de vida, podemos nos aventurar e enfrentar o medo como diria o Simba "rindo da cara do perigo", ou...ficar com pé atrás, não arriscar de jeito nenhum.


Mas por que? Convenhamos, é muito mais cômodo continuar a viver seguro nas estradas já conhecidas. É mais confortável, já saber que dificuldades enfrentará, as pedras do caminho, do que simplesmente, aceitar a proposta nova, onde nem sequer sabe do que é feito caminho.

Buscar informações que possam nos ajudar a tomar uma decisão, é interessante, ir com cautela, devagar (se for possível), também é uma saída.

Tem gente que tem medo de se machucar. De novo. Por isso é tão difícil vencer o medo. Quando a situação que teme aparece, a pessoa revive nas suas lembranças a experiência passada. É doloroso, e é difícil acreditar que pode ser diferente. É uma luta consigo mesmo. Pois, querendo ou não, as pressões surgem de todos os lados. E incompreensão também.

E nessa indecisão, que o medo naturalmente traz, muitas oportunidades se vão. Daí vem as tradicionais "foi melhor assim, eu teria sofrido mais". Vem, as desculpas de todas as formas, "racionalizando", o seu medo.

Covardia?

Sim, talvez seja, mas porque foi assim que aprendeu a ser. E da covardia, muitas vezes vem a frustração, talvez não no momento em que acontece. Mas depois, com mais dias vividos, ela venha a aparecer junto com o remorso. Nossa, se pensarmos a longo prazo, onde fomos parar,(!) em quase uma depressão. É sério esse lance do medo.

O bicho-papão que nós mesmos criamos, às vezes nem é tão grande e poderoso quanto imaginamos, nessa hora a imaginação pode ser muito forte...Vencer o medo ridicularizando a situação, como o é no mundo potteriano, não me parece a melhor opção, até porque se existe um medo, pra pessoa que sente, não é ridículo, é real e ameaçador. Amenizar, de acordo com a realidade é o sensato. E tentar se preparar como for para enfrentá-lo, mesmo que não se saiba o que vem pela frente, é interessante.

Imagina, tal qual Harry no labirinto, sem saber o que enfrentar, mas saber onde se quer chegar, ou o que se quer conseguir. Não é fácil, requer habilidades e, claro, coragem. Ser membro da Grifinória, talvez fosse uma ajuda, ou uma pressão maior...vai saber...

O medo existe, mas também é construído. Vamos então desconstruí-lo até restar algo que possamos dar conta, mesmo com o coração um pouco acelerado? O limite até onde podemos ir, só nós podemos descobrir.




Harry Potter e o sábio Chapéu Seletor sensível às caraminholas da cabeça de muitos alunos hogwartianos
Caraminholas na cabeça?
O que fazer quando as idéias parecem não fazer sentido?
Quando existem confusões mil?

Quando se sente muito e não se sente nada?

Quando se sente seguro e ao mesmo tempo tão incerto?

Ao mesmo tempo vivo e ao mesmo tempo morto?

Quando se está em companhia, mas sente-se sozinho?

E então, quando tudo parece melhorar...como um tapa, as palavras lhe tocam a face, não ríspidas, mas descomprometidas...

Um paradoxo total...

...



Pensar é bom, analisar, refletir...mas o tempo todo, todo o tempo, que atrapalha a dinâmica do dia-a-dia, que tira o sono, enfim...já pode ser um fator negativo, ainda mais se desses pensamentos não sai uma ação concreta. Aí é muito pior.

O que fazer com as caraminholas conseqüentes e frequentes?

Nem sempre teremos um chapéu seletor que nos ajuda a descobrir as respostas para nossos pensamentos...ou uma penseira pra ordenar os pensamentos intensos...

Eu mesma não tenho uma resposta. Depende muito. Mas, que tal deixar de molho e ver o que acontece? Se for pra aceitar um fato que não há como mudar, aceite-o, ou pelo menos aprenda a conviver com ele.

É um esforço diário. Pensamentos nos invadem sem pedir licença. Esteja atento, acolha-os, reflita, ou se não há mais o que pensar sobre, que tal uma saída para algo diferente?

Eu tenho a minha. E você?

Não se permita a uma tortura mental por você mesmo.

Pense nisso, se não for muito incômodo.

sábado, 26 de setembro de 2009



Imaginar é uma coisa, vivenciar é outra.


Eis uma frase ocorrida em uma conversa. A necessidade de vivenciar as situações é tão intensa que não se sabe por onde começar a caminhar. E as dúvidas vão surgindo, ou não, age-se por impulso.


Existem situações, muitas delas em que "saber, é melhor do que imaginar",como diria a Grey, e disso, temos que admitir que na vida, as experiências podem valer bem mais do que imaginar o que nunca se viveu.


Não sei...tantas coisas que às vezes preferimos não passar, falo disso em relação a coisas catastróficas, e daí imaginem o que quiserem. Mas, o fato é que viver de dúvidas talvez seja uma grande tortura pra vida toda.


Saber vivendo, imaginar sendo...Repetir as doses se necessário...e evitar outras se sábio, aproximar-se devagar...ou mergulhar por inteiro...


Tantas as opções!


Aprecie então, com moderação, se seu seguro ainda está em formatação.

domingo, 13 de setembro de 2009

Só ou acompanhado?


A cada dia me surpreendo do quanto somos capazes de inventar meios para afastar aquilo que nos entristece ou nos incomoda. É, muitos tem a quem recorrer quando necessitam e outros nem tanto. Muitos não tem a quem pedir ajuda, mas gostariam de ter apoio, e outros que os têm, nem sempre os buscam. Preferir aguentar a barra sozinho é uma opção, mas dividir o peso é tão mais fácil para se continuar caminhando, quando se tem com quem contar. Pra quem contar. Pode ser o tal do orgulho, ou do egoísmo...ou simplesmente, essa prática de recorrer a outros, não lhe é comum, ou ainda, não aprendeu a relatar sentimentos a outros. Talvez, pra você que esteja lendo, pense " impossível alguém não saber falar do que sente", pois é...mas acredite, até isso é um aprendizado, e quem não foi acostumado a falar de si, de suas emoções, que não ouviu muito de outros, sente dificuldade até para entender o que exatamente sente. Está certo, nós talvez nunca cheguemos a entender tudo o que sentimos 100%, pois a subjetividade atravessou séculos de história para se apresentar ao que conhecemos hoje. Mas, há sim aqueles que não sabem dizer que emoção lhe acomete, e mais além, dependendo, não saber exprimi-los da maneira adequada, sendo impulsivos, exagerados, ou muito contidos e endurecidos.


Mas deixando de lado a capacidade de decifrar o que se sente, o fato que chamo atenção, é a nossa capacidade de extravasar essas sensações às vezes não tão bem conhecidas, seja através do esporte, da arte, da música, do estudo, do trabalho, religião,da academia, da dança, do teatro, da escrita, do poema, da leitura...coisas mil a se escolher, além claro, de momentos de boas companhias. É, pois sabemos que existem outros caminhos que as pessoas quando fragilizadas acabam indo, como os entopercentes, vandalismo, e outros até desenvolvendo certos tipos de dependência...

Por que não buscar uma alternativa saudável? Não para necessariamente resolver a situação vivida, mas para ajudar a pensar melhor, a espairecer, respirar e não viver em função do problema, senão a qualidade de vida vai por água abaixo.


E uma coisa eu digo, compartilhar com alguém que você tem certeza que pode pelo menos lhe dar um colo em momentos difíceis, não é fraqueza, pelo contrário, é ser forte o suficiente para reconhecer que você está no seu limite; e é ser humilde, para perceber que sozinho você terá muito mais dificuldades para se levantar, do que acompanhado.


E se for o caso, não se envergonhe de recorrer a alguém profissional para cuidar de você. Não há nada demais em ser cuidado.


"Entre a infância e o fim, também precisamos de outros"
(trecho do livro "A última grande lição").


online

terça-feira, 8 de setembro de 2009


Tenho andado distraído
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso
Só que agora é diferente
Estou tão tranquilo e tão contente...

Quantas chances desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo mundo
que eu não precisava
provar nada pra ninguém

Me fiz em mil pedaços
pra você juntar
E queria sempre achar
explicação pro que eu sentia

Como um anjo caído
fiz questão de esquecer
Que mentir pra si mesmo
é sempre a pior mentira

Mas não sou mais
tão criança
A ponto de saber tudo...


Já não me preocupo
se eu não sei por que
Às vezes o que eu vejo
quase ninguém vê

Eu sei que você sabe
quase sem querer
Que eu vejo
o mesmo que você...

Tão correto e tão bonito
O infinito é realmente
Um dos deuses mais lindos

Sei que às vezes uso
palavras repetidas
Mas quais são as palavras
que nunca são ditas?

Me disseram que você
estava chorando
E foi então que percebi
como lhe quero tanto...

Já não me preocupo
se eu não sei por que
Às vezes o que eu vejo
quase ninguém vê

Eu sei que você sabe
quase sem querer
Que eu quero
o mesmo que você...

(Quase sem querer de Legião Urbana)

domingo, 6 de setembro de 2009


Inquietação[2]

Eis a palavra
Palavra, palavras, dizeres, idéias, palpites...

precisava de uma...de alguém...
A necessidade foi suprida com eficácia e eficiência, devo dizer.
E não foi apenas uma. Foram muitas. E foi muito bom.


Não pelo motivo que nos tinha inovado, mas pela serenidade do ocorrido
A leveza era a própria encarnada e o futuro não afligia, apenas o ardor da emoção.

Enquanto a espera sucedia, o telefone cantava a vinda.
Queria pois aquele sorriso e o bater das asas


E o que ficou nos planos saiu dos planos
E o que aconteceu foi muito proveitoso.


Vivência sem fronteiras, disse. Será? Quem sabe...
E pra minha surpresa uma empatia... Posteriormente, o espaço, segredosas conversas, revelações...ajuda...Leveza.
Que interessante, achei. Jogo aberto. Fim de papo.
Fim de papo??? É fim de papo.


O que mais esperar? Músicas pra animar.
E um lanche pra fome cessar. Um jogo para vibrar.
A carona sempre é bem-vinda, e o que não aconteceu...deixa pra lá.

Vivência sem fronteira, disse. E a confirmação veio depois. Sim sem erro.
Esperar. Esperar? Sim, esperar.
E o que sucederá?
Lilás e asafugaz ressaltam, viver esse arco-íris.
Um alerta e um aval,foi dado. Mas, será concretizado?
Só o tempo irá dizer. E ele diz. Não só o tempo como a ação.


Entregar-se em aquarela? Por que não?

Mas por hora, navegar é melhor, na calmaria da brisa, mesmo que se conheça o fundo, ou seria a fundo?

Não importa, a superfície revela.

Permanece na superfície e respira. Aprecia e respira.

sábado, 22 de agosto de 2009

Inovação


Era uma sexta-feira.

Eu não me importei ao te buscar para minhas lamentações.

Senti que as alguras do passado volveriam cá nesses tempos, os mesmos de outrora.
Eu até, repensava às vésperas o quão foi igual, e o quão foi diferente, do período anterior e do período de agora.
Novas (re)descobertas, novos (velhos) sonhos, viagens, paixões...


E então, eis que naquela noite, ao preparar a ceia, ela me revelou, em tom de aviso que a cena poderia repetir-se. E seu discurso sério em detalhes, e suas ações planejadas me causaram um misto de consciência de que os comportamentos se repetem e de rejeição de não querer vivenciar novamente aquele cenário.


Eu entristeci, desconcentrei e me sufoquei.
Foi quando decidi, "quero inovar contigo".
Precisava escoar a agonia sentida e o medo que aparecia.


Não hesitei. Cumplicidade, afinidade nos bastaram para nossa relação aperfeiçoar. Foi mais que um pedido de socorro, foi a confirmação de que a balança pode pesar mais de uma lado e de que serei amparada se pender.

Agora sei, conjurar alegrias, dores, frustrações, sonhos...eis o nosso mais novo espaço que em grego ou russo acontece, quem se importa, nos entendemos, mesmo que às vezes sem palavras...

Vivência


E enquanto eu esperava alguém para ser atendida, ela discretamente sentou próximo a mim, olhei para ela e sorri acolhedoramente, sabia eu, era avó de algum bebê. Ela retribuiu o sorriso e pegou seu livro para ler. Continuei minha espera, mas naquele dia, poucas mães a se acompanhar, mas muitas coisas a tricotar.


Dias depois, um pai veio na salinha onde eu estava e disse, "vem conversar com uma avozinha que ela está muito nervosa". Rapidamente, deixei o que fazia para ir em socorro daquela que precisava de apoio. Para meu espanto, quando me aproximei dela, quem era a avó? Aquela mesma, quieta no seu canto da outra vez. E nossa, estava chorando...estava só, estava desolada e sufocada. Quantas coisas podem cercar uma pessoa, pensei.Vó dedicada, pensando vir para ajudar nos primeiros cuidados de sua netinha, não imaginou que o caminho tomaria outra estrada, de precisar ser internada e passar umas longas semanas na uti neonatal. Quanto sofrimento ela narrava e, ao redor de seus olhos molhados traçados pelas marcas do tempo, via nela uma tristeza contida, lidando com as mudanças e com uma realidade nunca desejada a sua filha e muito menos a sua neta. E contava saudosa de sua família que longe estava, e lhe traziam o conforto, o carinho, a companhia que estava lhe fazendo falta nesse momento.


Quanto mais aguentaria nesse ritmo? O quanto vale a sua vivência, e paciência para aturar os percalços que a vida lhe imprimia e descaso dos outros. Entretanto, percebi que uma coisa a sutentava: a fé de que a neta melhorasse e assim, pudesse retornar ao seu lar.

É...esperar e torcer...fazer por onde as coisas acontecerem porque nada caminha só pela força do pensamento. Sim, ela tinha consciência disso, mas infelizmente, aquela situação de internação hospitalar não havia muita coisa a fazer, os médicos já estavam cuidando.

Então, os dias passaram e outras conversas tivemos, em cada sinal da idade impressa em sua pele, sua história contada a mim,mostrava o quanto ela já sofrera, já vivera e agora, enfrentava a imaturidade e a prematuridade de outros. Ela me narrava então, do quão diferente poderiam ser os destinos "se" tal coisa assim, "se" tal coisa assado...um efeito borboleta...quanta coisa seria diferente! É, imagino a barra que deve ser enfrentar novos modos de viver diferentes do que se está acostumado e aguentar desgostosa calada. Sozinha. Mas, o apego às possibilidades nunca existidas não a ajudariam a atravessar esse caminho. Pensar em coisas boas é melhor, e se a fé ajuda, por que não?

...


A cada fim de escuta, palavras de gratidão e de carinho.


Meu horário de trabalho cumprido e desci as escadas feliz, mais uma missão cumprida. Saí pensando como a gente pode fazer uma diferença na vida de alguém e de como fiz e tenho feito para alguém nesses dias. E o melhor, poder confirmar isso.


Meu desejo, além de que a netinha melhore e ver que a corrente que se seguirá é de que a avozinha volte tranquila para sua terra? Sem dúvida é a de ter certeza que positivamente, essa troca de experiência de ajuda, faz a diferença na vida, não só de quem a pede, mas principalmente, na de quem oferece.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009


Doutor,


Quanto tempo! Dessa vez me sinto não tão necessitada da dose quase habitual, talvez já esteja sem efeito...


Como andarei assim?Eu há um tempo me perguntava e sequer gostava de pensar isso, mas hoje vejo que sobrevivo sem. Graças!


Estás se aperfeiçoando e eu vivendo e encontrando muita felix felicis.


Mas, sinto pelas metáforas e antigos costumes...


Lamento, sim lamento e sei que as coisas passam, o organismo se habitua. O importante é que ainda estamos aqui, talvez mais espaçadamente...em conta-gotas eu diria. Tudo bem, não faz mal, doses demais intoxica, não é?


Mas mando esse alô saudadoso. Daqueles gostosos...estou saudavelmente bem, não há com que se preocupar.


Espero pela temporada da anatomia.


Um forte abraço!


Encantada

domingo, 9 de agosto de 2009

O senhor das memórias


Das datas da história sabe todas.

Dos lances de cada jogo do seu time preferido sabe todos.

Dos nomes científicos das plantas, nunca esquece.

Dos remédios para quem está doente, sempre oferece.



Recitar Navio Negreiro de cor é só uma de suas habilidades, além de outros desafios poéticos.


Religioso, sim, um homem de fé.


Bem humorado, adora contar anedotas degustando um bom e gostoso vinho.


Nunca aprendeu nenhum instrumento, mas faz a alegria da casa quando resolve tocar a sua gaita, entoando o hino do clube predileto, músicas eruditas, marchinhas de carnaval e outras canções.


Fala em códigos, siglas, metonímias. Dá boa tarde aos jornalistas na hora do jornal televisivo. Diz não acompanhar a novela das nove, mas bem que lê o resumo da semana nos jornais.


Reposta tem sempre uma na ponta da língua e quando, sem uma resposta convincente, enrola o público. Não é à toa que estudou as leis...


Para dormir? Não precisa deitar, é só encostar a cabeça em um lugar e pronto. Não ouve e nem vê mais nada. Sono REM, em questão de poucos minutos, apesar de sempre dizer que não estava dormindo...


Viajar, passear, é um convite sempre aceito. Guia turístico não precisa, ele sabe todos os caminhos e as histórias das pessoas ou as datas que nomeiam as ruas das cidades.


Um senhor de altas habilidades e muitas caridades. Um lutador na vida com uma paciência de Jó, e uma calma sem cessar. Pela sua família, sempre soube zelar.


Ele? Um abaetetubense, com muito orgulho! O Marechal.


- Tendo o açaí, o almoço está feito!Se tiver um pirarucu, não reclamo de nada...
O senhor das histórias
Aquele que nem sabia se viria um menino ou uma menina.

Aquele que comemorou tomando umas cervejas no dia que nasceu seu filho caçula.

Aquele que não se importou com as notas baixas, pois o importante era passar de ano.

Aquele que não costumava acompanhar nas apresentações escolares, nas orações da igreja, nas festinhas em família, nas brincadeiras de julho, no momento de televisão.

Aquele que não estudou junto para as provas.


Aquele que pouco viu seus filhos crescerem...saindo muito, buscando seu ganha pão...mas apesar de pouco conviver...preocupava-se com o futuro de suas criações, tinha orgulho delas. Orientava, brigava, fazia gracinhas.

Era o senhor da casa, era o senhor da razão. Sempre. Ou assim ele pensava ser...seu pequeno castelo da idade média, com suas regras rígidas, estamentos, obrigações e muitas vezes...em argumentos sem razão.


Mas ele não percebia nada disso. Por isso, nada abalava seu modo de ver e viver a vida.


Não era rei, nem cavaleiro, nem servo jamais admitiria ser.

Era o genitor. O chefe da casa. A Autoridade.


Seu estilo parental? Era preferível não saber.


Poderia viver de sonhos, num mundo paralelo, com ouros e patentes.


Quem destruiria sua fortaleza? Sua forma de aprender a viver e enfrentar os males da vida? Ninguém ousa abalar a estrutura de alguém que não tem meios para construir outro alicerce.


Alguém que teve sua história marcada por incidentes nada agradáveis, hoje vive de histórias...agradáveis...E não podia se tornar outra coisa senão, um historiador.


"Deixai viver, deixai passar que o mundo caminha por si só."

Ele? Um carioca, com muito orgulho! Com o jeitinho brasileiro de se viver...


... -E pode beber à vontade que essa rodada é por minha conta!

domingo, 26 de julho de 2009


Eu não sabia que seria assim. O mês inteiro programando e foi tudo água abaixo, quer dizer quase tudo, o dique não se partiu, mas ficou aquele vazio, aquela ausência.



Por que não me avisaste que irias embora?


Por que não me disseste que irias nadar em outros horizontes?


Por que não me revelaste? Por que te foste, sem um adeus...


O que me resta então?


Um jardim, com uma flor ...sem teu nutriente.


Como manterei...sem ti?


Vem! Volta! Precisamos do teu ar. Precisamos respirar.


Por que? Por que? Por que?


...


Já vai longe...então, vai em paz.

quinta-feira, 23 de julho de 2009


Foi assim, de mansinho ela chegou, com seu sorriso doce de menina.

Seus longos cabelos cacheados e sua postura de bailarina.


Entre as falas, muitos sorrisos. Entre as dúvidas, muitas idéias.


...os pensamentos...


E o sono? Uma hora virá!


E a fome? Pra que se preocupar?


Humores. Segredos. Lembranças. Planos. Planos.Planos!


O chocolate, quem sabe seja saboreado mais abundantemente na boca de muitos sorrisos.


O pôr- do -sol, quem sabe seja admirado muito mais vezes por aqueles olhos cheios de vida e sonhos.


A música, já chegou pelos ouvidos, quem sabe seja tocado pelas delicadas mãos.


E é assim, levada, doce, apaixonada, bem humorada, uma mulher -menina, uma menina- mulher.

Crescendo e fazendo a vida ser cada vez mais bela, nas pequenas coisas.


Ficar na superfície do pêlo do coelho e se espantar, tal qual Sofia em seu mundo.


Luz. Câmera.


Imaginação.


Doce Inquietação. Doce Provocação.


Na busca da sensação Leviosa sem fim...


Doce sonhadora. Doces sonhos....sonhos...sonhos...

...mesmo enquanto os olhos não se fecham pra dormir!

quarta-feira, 15 de julho de 2009



E a magia continua!


Harry Potter e o Enigma do Príncipe tem pré-estréia hoje no mundo todo.


Dizer que é apenas uma saga em que um bruxinho tem que derrotar o vilão, o bruxo malvado é muito pouco. Neste sexto ano, entenderemos melhor o que significou Voldemort sair de um diário como uma lembrança no segundo livro da série, e de como sua aparência de rapaz bonito foi se tornando cada vez mais cadavérica e ofídica revelando a maior ambição de Lord Voldemort. Mas para entender isso e como o Harry deverá enfraquecer você-sabe-quem, é preciso conhecer como fora Tom Riddle na sua infância e juventude, a verdadeira identidade de Lord Voldemort.

O príncipe ainda será um enigma até o fim do livro, sendo neste sexto livro, a confiança do grande bruxo Alvo Dumbledore em Severo Snape, o professor de comportamento mais dúbio de toda a saga, cai por terra. E autora mais uma vez, nos deixa intrigados de por que Dumbledore confia tanto em Severo Snape, guardando esta revelação para os últimos momentos do último livro da série.

Sem dúvida, apesar de ser um livro leve em sua trama, há muitas revelações e muitas incógnitas deixadas para Harry com seus leais amigos, irem em busca das respostas contadas no 7º livro, e tentar pôr fim ao Lord das Trevas.

Além de todos esses mistérios que só irão dar o pontapé inicial para o fim da trama, o clima vivido pelos adolescentes bruxos é de muita atração e ciúme, o que gera muitas atitudes impulsivas e até engraçadas.

Mais do que uma história de fantasia com muitos mistérios entrelaçados em todos os livros (uma pergunta feita no 1º livro é respondida no 5º, o 2º livro dá dica para o 6º, o 3º profetiza o final do 4º etc), com muita dose de humor e aventura, é uma história de valores, de amizade, de amor. Mas isso, é uma conversa pra outra hora...por enquanto vamos curtir o as emoções do sexto livro da série agora nos cinemas.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Trancoso



Um colar de contas daqui vou te levar
Um colar de conchas do mar pra te cobrir
Pra você ver da varanda
Vou fotografar as plantas que ainda vão se abrir



Um anel de coco daqui vou te levar
E no búzio um pouco do mar pra se ouvir
Melodias de sereia e nos pés de areia
O bater das ondas que não pára
Não vai parar para acompanhar
O silêncio sem fim que eu guardo agora
Em minha boca pra te dar



Sobre o rastro de pés que o mar levou
Reconheço um pouco de mim que aqui ficou
E na beira da distância, numa mesma dança
Chuva, sol e chuva e sol não param
Não vão parar para alimentar
O horizonte sem fim que carrego agora sobre a pele
Ao caminhar para acompanhar um outro de mim
No meu corpo, outra vez em você


(Samuel Rosa/ Arnaldo Antunes)

terça-feira, 30 de junho de 2009



Estava acostumada a acompanhar progressos e recaídas daqueles pequenos seres e paralelamente dos anseios e expectativas de suas mães. A maior parte sempre tinha final feliz, ou melhor, uma partida feliz, para a casa. Só sorrisos e se vinha lágrimas, era pela notícia boa e pelo adeus de felicidades. Naquela manhã, as primeiras horas foram tranquilias, uma mãe nova e algumas perguntas, mas antes que esperasse, o Dr. aparecera na salinha e disse: "dá licença, vou conversar com os pais, mas pega uma cadeira e me acompanha." Claro, a história já tinha lhe dito que era assunto delicado. E, para sua inexperiência, era um delicado pesar. Como algo delicado pode ser tão pesado? Tão doloroso, tão...irreversível...?!


Um bebê se fora e os pais ficaram. Ficaram desolados, ficaram estupefatos, ficaram desesperançados, desesperados. Choros, gritos, não aceitação. Era terrível demais perder um filho, perder uma criança, perder um bebê! A cena persistiu durante toda aquela manhã. Corre-corre, pessoas desconhecidas, ausência da preceptora e as tentativas de amparo da desolação, do incoformismo ora vinha da familia, ora vinha da assistente, ora da técnica, e no meio de toda aquela situação, a aprendiz, tentando fazer o melhor. Mas inexplicavelmente, só ficou na intenção...palavras lhe faltaram, a assistência foi mais com gestos do que com palavras. Os que vinham ajudar falavam de Deus, de suas experiências, faziam comparações, empatizavam com a dor daqueles pais, e a aprendiz, paralizada. Anestesiada. Não podia intervir com argumentos divinos, não podia intervir com experiências parecidas (nem sequer passou por alguma), e o que podia fazer era acolher e permitir o choro. Mas o choro, não era um lamento. Era desespero, era grito, era revolta.

As horas transcorreram agitadas até, pelo final da manhã, a aceitação e uma calma aparente dos pais. Um suspiro, mas a tensão permanecia. A aprendiz saiu daquele ambiente que traz e recupera a vida e enfrenta a morte, com um nó na garganta, depois de tanto ver lágrimas rolarem, vozes embargadas, desconsolo...Se recebesse um abraço cairia no choro, tinha certeza disso. Mas quando isso aconteceu, os abraços, aguentou, ainda não era o momento, nem o lugar. Mais umas horas depois, em companhia da amiga que já presenciara certa vez um nó na garganta, narrou em detalhes o acontecido e aí desabou, chorou, soluçou, como se carregasse toda a dor dos pais e mais as suas, as suas angústias sobre seus questionamentos quanto a sua atuação, sua falta de experiência, seu autocontrole de não querer errar... E ainda mais, ouvindo as palavras caridosas...ela era o choro, ela era a acolhida, ela era a fragilidade, ela era..ela mesma.


Mais abraços recebidos, e dessa vez sem palavras em demasia, sem narrações, apenas carinho, atenção, compreensão.

Não nega, que a sensação de pesar ficou no ar até a próxima conversa e análise, sem mais cobranças apenas a mensagem: "então, gatinha, você fez o seu papel, sim."


Sim, fizera, tão discretamente, que talvez nem ela tenha reparado e, se deixou a desejar, errar por falta ou excesso faz parte. É um aprendizado constante. O que vale é a não desistência e o reconhecimento de seus próprios limites: "Que bom que choraste..."

sábado, 13 de junho de 2009

Eu não me canso. Não enjôo. Não reluto. Não adio. Não descaso.


Quanto mais te tenho, mais te quero.

Quanto mais te ouço, mais te bebo.

Quanto mais te sinto, mais eu vibro.

Quanto mais me narras, mais eu vivo.


Quanto mais me tocas, mais confio.


Quanto mais te vejo, mais ansio.


Quanto mais te olho, mais sorrio.




Quanto mais pertencemos a um só mar, mais quero navegar. Contigo.

Quanto mais doses há, mais feliz é meu estar.


nline

Carta para um sonho.


Caríssimo,

Os caminhos foram feitos para serem percorridos. E aqui estamos nós, no seu um, no seu qual.


"mas o caminho só existe, quando você passa..."


Qual? Qual é ele?Um caminho?Dois?


Quem sabe dois encontrando um só?


"eu só quero saber em qual rua, minha vida vai encostar na tua..."


Já obstinados, encontramos o que nos pertence, mas a quem queremos nos pertencer?


"vontade gêmea de ficar e não pensar em nada..."


E o além? E o outrém? E o...passado?


HA!


Eis a questão. E o passado? Não se fala mais?


Engano seu. Mais vivo neste presente.

"é força antiga do espírito gerando convivência de amizade apaixonada..."


Ouvir, decifrar, receber, retribuir.


HA!


A questão sabemos, mas não a resposta ainda. Mas juntos buscaremos.

...


Loucura? Devaneio?


Não. Sim. Não!


Cumplicidade. Comunicação.
"mesmo que a gente se separe por uns tempos ou quando você quiser lembrar de mim..."
Leveza...


"Mil acasos me levam a você no início, no meio ou no final, me levam a você de um jeito desigual..."


Caríssimo sonho...Sonho?
Tão real. Tão vivo. Tão aqui-agora. E é só o começo!
"sem explicar eu vi num terreiro um trevo de cinco folhas que é muito mais raro..."
*trechos de música do Skank e da Ana Carolina



A idéia me veio, ao ver um mísero tempo livre.

Sem filmes, sem livros, sem discursos. Só saudade, só vontade.

Vendo seu nome dando sinal verde, segui consultando insanamente um horário.
Corre-corre. Pela ânsia de presente estar, telefonemas deixei a desejar. Andanças...


Celebração percebi.

Vibrei quando te vi, como de costume, como de costume...

Enquanto, nem planejava, aquela idéia se formava, sem dissipar os impulsos.


Dermes, epidermes. Filo-sofias. Um bem-estar. O bem-estar.

Quebra-costelas, guardado e bem guardado. Melhor, sentido.

A brecha, nós fazemos. Registros e registros, ...e o selo ficou em pensamento, como de costume, como de costume...


Nem por isso, a sensação foi descartada.


Encantada duplamente.

terça-feira, 9 de junho de 2009





Hoje vi, duas sementes sairem pra solo firme, sair do vaso de tantas e tantas semanas.


Aquelas que eu vi nascer, eu vi chorar, eu vi acalmar e vi esperançar.

Saudades terei do tempo que ao lado fiquei. Auxiliando aquelas que lhes trouxeram à vida e que dia, tarde e noite só lhes tinham no pensamento, que se esforçavam e de tudo faziam.

Saudades de todo o processo. Da aproximação estranha enfeitada de adereços nada estimulantes que geraram medo, insegurança que aos poucos tornava-se habitual e não assustava. Daquele contato com as vigilantes verdes que lhes contavam das artes e manhas, dos progressos e dicas. Das horas de visitas, dos termos técnicos e das aprendizes querendo e sendo antenadas ao que ocorria. Torcendo a cada evolução e acolhendo cada frustração.

E depois de quatro dias, sem ver as lindas sementinhas, cheguei no jardim, naquela dúvida se já teriam ido pra outro terreno ou se ainda estariam por lá, para mais um acompanhamento, já que tudo indicava que logo, logo iriam embora. Tal foi a minha surpresa de no fim do dia me darem a notícia da mudança. Um aperto no coração, emoção sem dúvida. Pelas sementinhas que resistiram e mostraram ser mais fortes que julgavam suas próprias progenitoras. E por elas, lógico, as mulheres maravilhas e maravilhosas, falantes e de olhos brilhantes. Mais que isso, mães, de primeira grandeza.


Qual a minha intervenção final? Mais do que orientações sobre cuidados e expectativas desenvolvimentais, eu desejo muito amor no terreno familiar, aquele que há muito ansiaram suas sementes plantar.


online

sábado, 6 de junho de 2009



Hoje senti sua falta.

Na beira da calçada, andando na grama vendo o rio e o luar.

Queria pois, um sorriso parceiro, daqueles de aconchego, sem pretensão de ser...

Penumbras, ruídos ao longe, clima sereno e no pensamento um desejo.


Seria isto saudade?


Uma ausência constante. Um conjunto de movimentos em latência...em não ter, sem poder, escurecer...deixar e rarear.


Agora só lembranças.

domingo, 31 de maio de 2009


Doutor,


Faz um tempo que não mando notícias, não é?

Hoje estou com uma dor de cabeça muito forte, já tomei as providências, entretanto esse não é motivo pelo qual escrevo. Na verdade, não há um motivo na linha que seguiu as outras correspondências. Sem queixa. É apenas um alô. Uma atualização.

Ando tão atarefada com a minha felicidade que não tens idéia. Não preciso de Felix Felicis, já a possuo naturalmente.

Parece que apesar de tantas tarefas felizes e cansativas admito (a minha alegria é meu cansaço, hein!), não me somes do pensamento, pois parafraseando uma canção, os mares que te cercam são iguais ao meus!

Na verdade não tenho muito o que escrever, ou melhor tenho sim, mas falar é melhor! Ando não só encantada, mas fascinada, "Estou tão tranqüilo e tão contente"! Nossa, quantos detalhes tenho a te relatar. Em um estado de Winguardium leviosa constante.


E a saudade então, nem se fala...

Aguardo pacientemente nosso próximo contato, com tudo o que temos direito, pois as doses andam tão espaçadas...e o jeito é a generalização né, assim me mantenho.


Espero que estejas tão feliz quanto eu. Muitas saudades!


Um forte abraço,


Encantada


quarta-feira, 27 de maio de 2009


O Gato de Alice me apareceu em meio a nuvens daquela noite úmida. Meio fraco e sem exageros. Senti que a noite sorria para mim.

Então, em uma awareness, tal qual o homem - árvore daquela tarde argilosa e experiencial: Eu sendo a lua, e a lua sendo eu.


Mais uma vez, a natureza me acompanhava na felicidade inundada em mim.

Assim, contemplei a maravilha que eu encontrei e que cultivo com muita destreza. O caminho certo. O lugar certo. A hora certa.


Eu vi uma desenvoltura e vejo uma desenvoltura. Conhecimento impresso de nada adianta sem as habilidades para transmiti-lo, para efetuá-lo. Com sensibilidade, frizo, com sensibilidade.


Um pulo na minha história e melhor explicação do que voltar ao passado não existe. Ou melhor, talvez exista uma que complemente, mas não preciso de mais provas. Já está carimbado.


Então, debaixo daquela chuvinha incessante ao voltar ao ninho, compartilhei o sorriso e acolhi outros.


Ah, o Gato de Alice! Sem palavras, apenas ele.


quinta-feira, 21 de maio de 2009

Uma ligação inesperada. Um convite inesperado.


O curioso é que pensei em você naquela noite, ao encontrar um amigo nosso em comum. Foi rapidamente, eu confesso. E quando chego em casa, aquele aviso, um telefonema seu. "Nossa", exclamei,"o que será?"


Liguei então para sua casa, já estava dormindo. Ok. Para variar fui ver meus contatos virtuais e o que vejo: um singelo elogio, um reconhecimento, uma sugestão e um pedido discreto, quase um lamento: Escreva-me algo.

E eu me pergunto, o que te moveu à me fazer esse pedido? Apenas por gostar do que escrevo, por se identificar? Hum. Sim, diria ser essa uma resposta inicial, e olhando teu espaço, lendo aquela letra de música, penso no turbilhão de motivos omitidos nesse teu pedido, como ouvia em uma saudosa disciplina "o que há por detrás do discurso?"...

É, privilégio meu receber mais esse espaço, e honra minha conhecer-te e saber um pouco do que te moveu. É claro, foi um pedido vago. Escrever sobre o que? Paro, penso, olho.Então, a nossa convivência no aqui e agora do meu pensamento me trouxe o seguinte.
******







Em tempos de crise, há quem se feche, há quem se abra, há quem só pense, e há quem se movimente. A vida é feita de processos. Processos indicadores de mudanças (ou o contrário? mudanças indicadoras de novos processos?). Mudanças exigem preparação. Nem sempre temos tempo para nos preparar a con/viver em e com um novo, com a novidade. O que nos resta é nos adaptar e, dependendo do que seja, as mudanças podem nos trazer benefícios, bem-estar e também o oposto. E quando a mudança não depende de nós, o processo é bem mais dificil de se aceitar. Tanto coisas "boas" quanto "ruins" que nos acontecem é fonte geradora de estresse. É, é isso mesmo, por exemplo, um nascimento de uma criança, é em sua maioria das vezes um evento de muita alegria e expectativa, e sem dúvida há níveis de estresse, do "bom estresse", enquanto há outros eventos, como a morte de um ente querido que nos trazem muitas outras coisas que temos que lidar, e prolongada essa situação desagradável, um "mau estresse" se estabiliza. Mas, sim, e aí? A longo prazo, áreas da vida são afetadas em algum nível, e, principalmente, afeta a saúde de quem vive nessa situação desfavorável.








Existem aqueles que são resilientes, que apesar das dificuldades, de todo um cenário de "tudo contra à minha vida", conseguem ter jogo de cintura, obviamente, com algumas habilidades de se ajustar criativamente à situação. E existem aqueles, que infelizmente, são desprovidos de elementos que o ajudariam a resistir e a lutar para reverter a situação, e assim, acabam sendo "levados" pela situação. Sem perspectiva.


Sem dúvida dentre muitos fatores de proteção existentes que proporcionam uma resiliência, claro, porque as situações variam, destaco o chamado apoio social. Este, é muito importante, e tem uma participação enorme no processo de busca de mudanças e no processo de adaptação das e nas mudanças. Mudanças exigem ganhos e perdas, junto com as escolhas requeridas. Como saber qual o melhor caminho? Analisando bem, e tendo a clareza do que se vai lucrar e do que se vai perder, e sem esquecer nesse processo todo, os sentimentos, a si mesmo. É, porque muitas vezes, agimos mais em prol do bem-estar do outro, fazendo sacrifícios nessas mudanças e não atentamos que também temos o direito de obter bem-estar não só pelo sucesso do outro, mas também, pelo nosso próprio. Como me sinto frente a isso? Como gostaria que fosse? O que posso fazer?







Ultimamente, uma pergunta e ou afirmação que em algumas situações me apareceram e mesmo sendo tão discretas, me proporcionaram aquela tomada de consciência, de parar e ver que pode ser diferente, que não tem que ser como penso: "E precisa?" É, muitas vezes agimos em função de regras aprendidas ao longo da vida que acabam nos direcionando para um caminho que não nos permite a vivência de outros momentos de aprendizagem. Então, preciso mesmo fazer ou ouvir aquilo? Preciso causar a impressão tal? Preciso? Preciso?Preciso?!








O que com certeza é preciso, é olhar sim, para si, não de uma forma egoísta, mas de uma forma que te permita viver bem com você mesmo, um olhar se percebendo como alguém que sente, que tem necessidades, sonhos e desejos e que TEM O DIREITO e o DEVER de fazer por si. Viver em função da felicidade alheia, da realização alheia, mas pela pressão simples e pura de agradar alguém (como fazer um curso por causa de pai ou mãe) interferindo nas suas escolhas que lhe seriam mais agradáveis, não é saudável. Não. Nada de papéis escritos pelos outros e vividos por você. Escreva seu papel, claro, é impossível ser imune a quem te rodeia, construa então com eles, o melhor papel, aquele que você possa se expressar fielmente a suas convicções e com a opção de ser livre para atuar da maneira que lhe faz mais feliz.


*****



É claro, diante do teu pedido, faço uma salada de conhecimentos psicológicos, que só quem é da área percebe. Entretanto, meu objetivo não é defender um único repertório de vocabulários, ou de teorias, mas oferecer uma possível brecha para as reflexões que há algum tempinho (ou seria um tempão?), espaçadamente construímos.









Então, eu tiro meu chapéu, pela resiliência que sempre demonstraste. E penso, por fora, essa força toda, que mesmo com os problemas, ainda há tempo para solidarizar-se com teu próximo. É muito belo isso, mas a fragilidade um dia aparece, e neste momento, suas habilidades e seu apoio social e todas as estratégias de enfrentamento que busca, resulta, na vivência desse processo que se chama vida. De uma vida com qualidade. Na tua vida. Na tua felicidade.





E podes contar com meu apoio sempre. De sempre. Sempre.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Desenho: Jefferson Moreira


Sabe aquela certeza de fazer?

Sabe aquela certeza do querer?

Daquela sensação de eu sei do que gosto, do que quero, do que me faz feliz ?

Simplesmente da melhor sensação do procurar, seguir dicas, descobrir/encontrar/reencontrar/ressignificar/confirmar?

E com aquele brilho, iluminar todo o mundo. Uma nova vida!
Uma reconfiguração vivida.

Um novo sonho semeado ao longo de uma história.
Um velho sonho colhido ao longo de muitas estações.

Não tem jeito. Quando há esse deslumbre e te salta os olhos...

Um brilho, um sorriso e uma certeza.
Um sorriso de uma certeza.
Uma certeza de um sorriso.
Um brilho na certeza de um sorriso.
Um sorriso no brilho da certeza.
Uma certeza no brilho de um sorriso.

Vida renovada a cada dia, a cada feito, a cada palavra, a cada olhar.
Que bom e maravilhoso saber que posso contribuir desde um pouquinho até um montão para o bem-estar do outro. Nem que seja um acolhimento, uma escuta, uma orientação, um clareamento, uma compreensão, um acompanhamento, uma presença,uma história, uma canção...

Ainda tenho muito o que aprender, com muitas histórias de vida e de modelos refletores.

É muita expectativa e entusiasmo!
Uma vida melhorada. Vidas melhoradas.
Desafios agora, desafios pela frente.
Perfeito. Sem desafios não há crescimento nem enobrecimento.
Que bom não é? É só a confirmação de um começo cheio de certezas, de uma certeza em um novo começo.
Uma caminhada, longa e gratificante!
Mais que isso, é viver, porque falar, é só uma dimensão...
Feliz eu sei, que isso é só o começo (Renato Menezes)

sexta-feira, 8 de maio de 2009


Sr. "Não tenho tempo para nada",

Não me surpreendes. Aliás, acho interessante te acompanhar de longe e saber que estás feliz me agrada. Sinceramente, temia pela tua vida, de ser mais um daqueles professores tal qual o diretor da casa da Sonserina, é, uma percepção ao extremo, porque afinal, sabes sim ser flores quando as condições o favorecem. Até o professor Severo Snape soube ser, como bem mostrou a penseira de Dumbledore.
E por falar em condições...penso, no confuso discurso de uma vida de não possibilidades relacionais, de ansiedade, de fechamento e de amargura.

Uma vida de hierarquia e prioridades em busca da estabilidade e dizendo "não tenho condições para nada agora, não tenho nem um quarto...",etc etc. Que análise básica né, condições são importantes para efetivar e/ou manter algo, uma relação diga-se de passagem, mas sim, eu acredito que quando há sentimento de força maior para acompanhar no crescimento e na conquista dessas condições almejadas, não há porque ignorar.

Não sei se percebes onde quero chegar...aquelas palavras ditas, diria ao que regia a tua vida naquele momento (ao meu ver), que não fazem sentido quando é possível encontrar sim felicidade mesmo ainda na "instabilidade" material ou seja o que for. Hoje, me confirmas o oposto do teu discurso: que o sentimento mais nobre que existe é capaz sim de transformar. E como! Foi só mais um dado colhido. Tudo o que falavas, tudo o que seguias, é tudo balela! Pois, afinal:

"Quando um certo alguém, desperta o sentimento é melhor não resistir e se entregar"(Lulu Santos)

Então, "Sr. Não tenho tempo para nada", balela né, há tempo sim para muitas coisas, inclusive para ser feliz!

domingo, 26 de abril de 2009




E lá estava ela pronta. Mais uma mudança na sua vida. Calça jeans, suéter preso à cintura, cabelos presos em um rabo de cavalo, mochila nas costas e uma tristeza contida no olhar. Ia deixar os seus e se aventurar em uma outra cidade, sem parentes ou amigos, na busca de aprimoramento profissional. E daquela moça de conduta forte, direta e objetiva, mandona e engraçada, vi em um relance uma menina que não quer se separar, deixar o ninho seguro, como se fosse uma cena de não querer ser deixada na porta do colégio no primeiro dia de aula.

Mas a hora chegava. Era a hora de dizer adeus e boa viagem. Não era uma viagem de férias ou de congressos científicos, em que tinha passagem de ida e passagem de volta com data e horário já combinados. Não. Era uma viagem da vida. Um espaço nessa grande jornada. Um futuro de possibilidades.

Abraços, desejos de sucesso e sorte nessa nova empreitada. Palavras de otimismos e amor. Sem mais delongas...depois de tantas despedidas formais com alegria pra não sentir a partida, na hora mesmo, é inevitável não se emocionar. Não pensar em saudade ou em medo, do desconhecido, do que está por vir.

Mas a vida é assim. Escolhas. E como em todas as escolhas existem os ganhos e as perdas. Existem os sacrifícios.
Com lágrimas no olhar, combinando com o céu derramando muitas gotas naquela tarde, ela enfim, se despediu e dobrou o corredor.
"Vai ser bom pra ela. Ela vai crescer.", falou desolada a amiga de colégio, já com aperto no coração ao não ver mais a amiga branquinha de sardas no rosto.
E silenciosamente eu concordei com suas palavras. Que seja assim então. É o que todos desejamos.

domingo, 19 de abril de 2009


Foto: Mariana Melo


Eu sei mas não devia


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.

A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduiches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz, aceita a ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai arrastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza para preservar a pele.

Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da forca e da baioneta, para poupar peito.

A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta e que de tanto acostumar, se perde de si mesma.


(Marina Colasanti)


quarta-feira, 8 de abril de 2009

Fria não, quente sim




Eis que naquela tarde o que emergiu na sala do aqui e agora sem dúvida foi muito emocionante, principalmente para quem se sentou naquela cadeira nada vazia, ao contrário, presencial e muito quente.


Do lado de fora

Uma pessoa de cada vez sentava naquela cadeira no meio do círculo, e olhando e ouvindo com atenção cada rosto da sala para todas do círculo aparentava serem acompanhadas pelo nervosismo. O que dizer para elas? Mal as conheço...Falar das boas impressões...e ouvir de cada um...como devem receber isso?

A cada palavra amiga, sorriso transbordante. Ouvir de outras sobre quem estava na berlinda é possibilidade para conhecer um pouco mais. Há quem diga "gente, essa cadeira dá medo mas é muito boa".

É bom falar aos outros o que de bom vemos neles, mesmo que sejam só impressões. Estou acostumada a falar para quem tenho apreço. Mas como deve ser ouvir? Ouvir naquele contexto de um grupo total?



Do lado de dentro

Hoje, ouvindo o bordão "desde que te conheci..." me fez sentir um clima de despedida. Na hora não me emocionei a ponto de chorar, recebi muito bem aquelas palavras, aquela sinceridade, aqueles sentimentos, me surpreendi com algumas características ressaltadas e concordei com a maioria.

Foi interessante estar lá, disposta a virar a atenção para cada uma daquelas pessoas e ouvir. Ouvir daquelas que convivem comigo, e daquelas que ainda não tem tanta aproximação. A simplicidade ressaltada me foi um grande presente, ser revelada pelos outros é uma sensação muito boa. Pode às vezes conflitar com meu espelho, mas é só lucro. Margem para re-avaliações.

E agora, me lembrando, lamentei não ter gravado, pois algumas coisas já esqueci e afinal, foi um momento único que agora só faz parte do acervo de memórias...Foi muito bom.Obrigada, obrigada.

Há quem diga "não quero ir, vou chorar...", ora amiga, que há de mal em chorar por ouvir ou dizer coisas boas a quem gostamos?
Pode experienciar, eu recomendo.


sábado, 4 de abril de 2009



"No exercício da profissão aprendi que a reação individual diante da possibilidade concreta da morte é complexa, contraditória e imprevisível; impossível compartilhá-la em sua plenitude."

(Drauzio Varella em Por um fio, p.8)


Há aqueles que lutam contra ela combatendo sua manifestação primeira, física e mentalmente.
Há aqueles que não impõem resistência à ela, simplesmente aceitam-na e não se empregam em adiá-la (quando é possível).
Há aqueles que já a encontram desde cedo, muitas vezes jovens demais para compreender ou sentir.
Há aqueles que a procuram intencionalmente, ou insanamente.
Há aqueles que não se perturbam, encaram-na como passagem.

Como ela chega até você?

Pode vir como um medo.
Pode vir como um mal, um castigo.
Pode vir como uma provação.
Pode vir como um privilégio.
Pode vir como uma libertação.
Pode vir como alívio.
Pode vir como coragem.
Pode vir como dor.

Dor para aqueles que a tem como uma quase certeza.
Para aqueles que são por ela chamados.
E, para aqueles que vêem e sentem a partida dos levados por ela.
Mesmo quando é previsível, aguardado.
Mesmo quando é tão de repente.
Não importa quanto preparados estamos ou não para sua chegada, machuca, marca, dói.

E quando ela vem mais rápido por decorrência da ir/responsabilidade de outros, e principalmente, daqueles treinados a retardá-la, daqueles que levam o mito de salvarem as pessoas dela e das suas manifestações, o descaso e o desrespeito destes para com as pessoas torna o contato com ela muito mais cruel e doloroso.

Às vezes, ela vem limpa.
Às vezes, ela vem silenciosa.
Às vezes ela ronda, espreita, assusta e se afasta sem concretizar seu feito.
Às vezes, ela vem suja.
Às vezes, ela vem barulhenta.
Às vezes, ela não só ronda e assusta, é impiedosa e cruel.

Não costumamos pensar nela como uma possibilidade presente, mas como um encontro lá longe, distante.
Passar por ela, acompanhando a experiência dos outros, ou por sua própria, afeta em algum nível.
Desconhece-se a hora, o lugar, o dia.
Se chove ou faz sol. Se é carnaval, férias ou natal.
Se é criança, jovem ou idoso.

É da natureza daqueles que respiram. E apegar-se ao seu oposto, ou seja, à vida, "é uma força selecionada impiedosamente pela natureza nos milhares de gerações que nos precederam" (Drauzio Varella,em Por um fio p.11).

Quando as pessoas que tem uma experiência muito próxima dela, é muito comum, quando ainda são plenos de suas faculdades, ressignificarem seu momento. É uma oportunidade de autoconhecimento e conhecimento.
Com sua presença ameaçadora ou concreta, muitos aproximam-se de suas crenças e de seus significativos. Outros, perdem sua crenças, outros que não tinham adquirem-nas e há aqueles que permanecem descrentes...

Ter contato com ela, gera outras percepções da vida, passam a valorizar coisas que no dia-a-dia nunca lhes fora uma figura, apenas um fundo.

Nos fim das contas, ela é inevitável. É natural e repercuti na vida daqueles que por ela são levados e daqueles que acompanham sua partida.
E mesmo indo embora, deixa sua sombra até a readaptação dos enlutados. Depois, é só lembrança.

...

Hoje, completam sete dias em que se foi um ente querido. Como vêem, ainda estou nesse processo. E é curioso, pois mesmo antes dele ir, a morte, sobre a qual escrevo, se apresentou a mim de diversas maneiras e continuou ao longo de todos esses dias. Muitas coincidências. É impossível, não pensar sobre ela, pois realmente, ficou me rondando às vezes mais sutilmente, às vezes mais diretamente e fortemente. Sem dúvida, uma semana mórbida.

Assim, com a morte chega em mim?

Depois de tantas coincidências pra uma semana só, pelo menos nesse aqui-agora, vocês estão sendo cúmplices do resultado do meu ajustamento criativo.