domingo, 26 de abril de 2009




E lá estava ela pronta. Mais uma mudança na sua vida. Calça jeans, suéter preso à cintura, cabelos presos em um rabo de cavalo, mochila nas costas e uma tristeza contida no olhar. Ia deixar os seus e se aventurar em uma outra cidade, sem parentes ou amigos, na busca de aprimoramento profissional. E daquela moça de conduta forte, direta e objetiva, mandona e engraçada, vi em um relance uma menina que não quer se separar, deixar o ninho seguro, como se fosse uma cena de não querer ser deixada na porta do colégio no primeiro dia de aula.

Mas a hora chegava. Era a hora de dizer adeus e boa viagem. Não era uma viagem de férias ou de congressos científicos, em que tinha passagem de ida e passagem de volta com data e horário já combinados. Não. Era uma viagem da vida. Um espaço nessa grande jornada. Um futuro de possibilidades.

Abraços, desejos de sucesso e sorte nessa nova empreitada. Palavras de otimismos e amor. Sem mais delongas...depois de tantas despedidas formais com alegria pra não sentir a partida, na hora mesmo, é inevitável não se emocionar. Não pensar em saudade ou em medo, do desconhecido, do que está por vir.

Mas a vida é assim. Escolhas. E como em todas as escolhas existem os ganhos e as perdas. Existem os sacrifícios.
Com lágrimas no olhar, combinando com o céu derramando muitas gotas naquela tarde, ela enfim, se despediu e dobrou o corredor.
"Vai ser bom pra ela. Ela vai crescer.", falou desolada a amiga de colégio, já com aperto no coração ao não ver mais a amiga branquinha de sardas no rosto.
E silenciosamente eu concordei com suas palavras. Que seja assim então. É o que todos desejamos.

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