terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Em boa hora


- Boa noite -disse tranquilamente a moça que viera fazer-lhe a visita.

-Boa noite- respondeu-lhe educadamente e com aquele conhecido abraço forte.


Deixou suas coisas no quarto e foram comer algo. Era hora do lanche.

A chuva caía grossa naquela sexta-feira, friozinho gostoso. Enquanto o lanche não saía, mal tiveram tempo para suas conversas pois os meninos apareceram, o mais velho mais falante; o mais novo, com seus dentinhos de leite, bastante mandante.
"Esse vai dar trabalho", pensou a moça.
Um pretinho, pequenino e a cara do pai. O outro, mais clarinho, olhos puxados, lembrando mais a mãe. Um falava, o outro discordava, tudo muito simples e natural, ora, irmãos.

Lanche feito. Todos subindo para o quarto mágico. O quarto de lembranças e de muitas promessas.

Logo mais, uma barreira ultrapassada.

-E, então...?- Perguntou o anfitrião.

Honestamente a visitante discorreu sobre os acontecimentos recentes e no final admitiu.
Corpo fatigado e doído. Clareza das coisas. O resto é detalhe.
Mas, os detalhes também fazem a diferença e aquela frase de Kathleen Kelly não poderia vir em melhor momento:"Esse 'nada' significou mais para mim do que muitos 'algos' ".

A visita estava chegando ao fim.

-Obrigada mais uma vez- agradeceram ambos.

E lá se foi a noite em que voltou à superfície. Sentindo-se como Harry após a segunda tarefa, aliviada por voltar a respirar em território conhecido e por saber que não estava fora do torneio. E também, um pouco boba por levar à sério aqueles versos da canção sereiana.
Entretanto, depois do susto do mergulho, das poucas surpresas e muita previsibilidade ela pode dizer que valeu. Coragem e nobreza têm seu valor.

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