sábado, 28 de fevereiro de 2009

Depois de dias chuvosos noites a dentro, aquela sexta-feira começava com o brilho amarelo há tempos escassos.
E aproveitando essa pausa pluvial, ia dar um grande passo na sua vida, ia ao banco sozinha abrir uma conta, conseguira um emprego! Seu primeiro emprego.
Um jeans, uma blusa ornamentada, sapato confortável,seu mp3, um livro e sebo nas canelas.
Estava super animada, cantarolando ao chegar ao Banco. Nem se incomodou com aquela fila já formada antes mesmo do atendimento começar. Nada poderia abalá-la. Era o seu dia!
E mal sabia do que mais o mundo lhe oferecia. Folheando as últimas paginas do ultimo capitulo que lera, nem percebeu nas indas e vindas dos funcionários que terminavam de preparar o ambiente e material para o inicio do expediente.
Dez horas. Só percebeu que a fila andara quando uma senhora vestida toda de branco e expressão nada gentil lhe cutucara indicando para apressar o passo.
Porta giratória. Senha. Cadeiras. Sentou-se na fila de trás, bem no meio. Desligara o mp3 e recomeçou a ler seu companheiro. A cada sinal de senha mudada ela desviava os olhos das palavras para o quadro das senhas. Uma hora depois ela fora antendida. Quando sentou-se em frente ao atendente, ela que estava superautoconfiante, de repente perdera os movimentos e a fala, quando o rapaz que lhe dirigiu a palavra saltou a sua vista. Pudera! Que homem mais lindo! Olhos claros, castanhos amarelados, forte, barba leve escurecendo sua pele alva e no curto intervalo, seu nome ateniense estampado no crachá. Um Deus grego! Foi preciso ele repetir três vezes o que ela desejava para acordar do estupor e da feição boba que fizera.
Bem que ela gostaria de ter respondido "eu desejo você", mas não era para isso que ela estava lá... E para o que era mesmo?

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Impactante


Eu já tinha algumas idéias para depositar na penseira, mas aí, meus dedos guiados pela curiosidade me levaram ao teu espaço. Pelas palavras.

Fui pelas últimas. A impressão foi muito boa, lamentei...

Lamentei não ter a habilidade de escrever daquela maneira. Mas se era mais do que bisbilhotar o teu espaço, quis fazer direito. Comecei pelas primeiras palavras, primeiras idéias. Nossa, como escreves bem. Há tempos que palavras não me fascinavam daquele jeito.

Emoções senti. Saudade, tristeza, alegria, inveja e sim, compreensão (o que se sente quando se compreende? me perdi...). Mesmo na tua confusão de gritar a revolta, a crítica, a beleza, as reflexões, consegues transmitir o que te passas...belamente...! E mais uma vez compreendi.

Quão atraente podes ser, ou melhor, és! A plástica já me é familiar, a inteligência e disciplina uma suspeita quase certa,mas as palavras não...

E pelas palavras, um pouco de ti.


Não sei de fato das histórias juras inventadas, mas não me pareceu eu-lirico coisa nenhuma. Simplesmente tu. E tuas experiências. Um sentimento existente...

Ora, muito bem!

Conquistaste esta que educadamente e simpaticamente (sistema simpatico pode ser também) apenas de poucas palavras faladas te descobria. Como alguém que não fora apresentada, mas que sabia o quanto foste importante(ou ainda és, acredito) para alguém de maior contato comigo (é, contato...). Então, já te olhei com curiosidade e ...bem, não sei nomear o sentimento que me acompanhou naqueles dias em que em evidência ficaste em frente a todos para discorrer sobre a depressão...Roupas simples, tudo simples, mas que pode chamar atenção (quem me dera!), pois o conteúdo já se sobressai. A plástica, é perfeita...tenho que admitir. Olhos claros brilhantes (não tem como ser o contrário) e aquele sorriso maroto e alinhado...naquela salinha de nervosismo...não teve (tem) como ser ignorado.

Mais uma vez compreendi. Compreendo. Faz sentido.

Mas aí é que está! Eu, não me esforço (de imprimir forças mesmo) pela tua amizade. Não. Mas, as tuas palavras me trouxeram algo há tempos não experimentado! Tempos de Para gostar de ler, escolhidos a dedos e sem medos, naqueles corredores de livros, aproveitando-me de privilégios em ultrapassar a porta que pra mim não me barrava mesmo com aquele aviso que desbotava.

Sim, agora lembrei que tivemos uma conversa certa noite...na companhia das pessoas mais graciosas e engraçadas que divertiram o papo. É, tua voz eu não ouvia, mas tinha a cor azul marinho e a minha impressão foi ao mesmo tempo uma pessoa madura e decidida, embora confusa.

Não deveria ter me surpreendido pelo tecido que fazes ao coser as palavras...mas ainda estou bastante impressionada. Quisera eu ter essa habilidade, mas no teu espaço mostraste muita leitura, e aquela história de quem lê muito escreve bem, ressoou. Entre linhas deste-me dicas de boas leituras. É, é disso que preciso! Há pouco tempo e devagar estou me libertando de reler meu vício Rowllingano. Vira e volta gosto e procuro leituras novas, se me indicam então, podes crer que buscarei ler. Comecei bem o ano com relação a outras leituras, espero manter o padrão, e ter tempo para esta empreitada.

Escrevendo aqui, me lembrei do quanto lia por ano, livros extracurriculares, o quanto era boa na escrita e me aperfeiçoava em narrativas, e hoje...é são outros tempos. Minha escrita ainda é boa, mas as narrativas, estou perdendo a prática.


Lembrei de uma moça que estudou comigo, era uma machadiana. Ó. Que bom pra ela, mas nunca nem sequer tive curiosidade em lê-la. Eu era segura com as minhas. Talvez, hoje eu entenda que poderia ser medo de alguém ser párea para mim e lendo, veria que não era lá aquelas coca-cola (que pretensão minha de ser). Ou talvez porque era só brilhantismo à metidice, a humildade não lhe fora apresentada. Até hoje, não sei de seus textos, só de elogios rasgados da loira fenocópia que não tinha nada que corrigir, por não ter nada o que corrigir, apenas apreciar e espalhar...

Mas, sim, voltando, disseste para abstrair...eu tenho tentado. Esta penseira não é só um depósito de lembranças ou idéias, muito menos reduz-se a desabafos e conselhos. É um exercício. Um exercício de uma prática da qual sempre gostei. Da moda antiga de papel e caneta, do borrão gostoso que vai tomando formas.

Acho que valeu a minha curiosidade não controlada. Controle demais perde a graça e estraga. Tu, que nem sequer imaginas, passa a ser um estímulo para eu aperfeiçoar minhas palavras. Agradeço-te então, que de mim nem lembras, mas a partir dessa curiosidade intencional pelas tuas palavras, vou querer beber um pouquinho delas e quem sabe, das metáforas trabalhadas poderei sorrir ao me satisfazer com uma escrita/leitura dignas e não apenas para mim, para levantar meu ânimo, desaguar minhas tristezas e alegrias e reflexões, mas para todos. Quero a tua beleza também! Vou aprender contigo!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Desapego


Hahaha

Faz- me rir!

Vou fingir que acredito

Palavras sem efeito
sem afeto
formal e erudito

Não me atingiram
Recepção incrédula
Percepções diferentes

Outrora as receberia com apreço
Outrora me atingiriam
outrora...


Mas hoje não.
Nem amanhã.
De que valem palavras se os gestos não as correspondem?

Hahaha
Faz-me rir!

Hora oportuna

Doutor,

"Estava triste, tristinho...mais sem graça que a top model magrela na passarela(...)

mas hoje, eu recebi um telegrama, era você de Aracaju ou do Alabama (...)"

Em meu socorro você veio, como um médico que se preze.
Não tenho palavras para dizer, o quanto seu remédio é um alívio, um imenso alívio. E mesmo quando não estou enferma, consegue trazer o revigorante.

Que maravilha!!!!
Aprenderia a ficar doente só pra te ver...brincadeira, com saúde é melhor!!!!

Espalharemos a saúde a quem precisa.

Continue se especializando pois só estou lucrando.

E obrigada, por me atender, é lógico!

(des)Encantada

ps: sim! voltei melhor, mas a causa foi seu singelo sinal de vida.

Uma dose




Quero uma dose

Uma dose do teu abraço
aquele quebra-costela que me faz sumir nos teus braços
Uma dose do teu carinho
aquele que vem enfeitado de sorriso e magia
Uma dose da tua risada sarcástica
aquela de rir das desgraças e da realidade cruel

Uma dose das tuas palavras realistas
aquelas que me fazem cair no buraco
Uma dose das tuas palavras confortadoras
aquelas que me acolhem e me ajudam a levantar
Uma dose do teu jeito atrapalhado
aquele me faz rir das consequencias inofensivas (ou não)

Uma dose da tua altura
aquela que me faz sentir imponente
Uma dose das tuas histórias
aquelas que me impressionam mais e mais
Uma dose das tuas perguntas
aquelas que me deixam sem resposta
ou me impulsionam a profundas reflexões

Uma dose do teu conhecimento primordial
aquele que me deixa com uma inveja...
Uma dose do teu jeito bobo envergonhado
aquele que me faz sorrir...
Uma dose da tua inconseqüência
aquela que me faz ver e viver

Uma dose das conversas ao som dos pássaros
aquelas no melhor estilo metafórico
Uma dose das histórias de terceiros
aquelas para debates ou taxadas de "sessão de tarde"
Uma dose de porcarias e conservantes
aqueles que exageramos de vez em quando

Uma dose do teu "é pra já"
aquele que sempre me acompanha,sem resistências ou compromissos paralelos
Uma dose da tua simplicidade
aquela que me orgulha sempre
Uma dose da tua culinária
aquela me sacia fartamente

Uma dose da tua atenção
aquela que sempre é bem-vinda e traz detalhes inigualáveis
Uma dose do teu colo
aquele que me aconchega com um afago
Uma dose da tua letra
aquela que eu teimo em reconhecer o "a"

Uma dose...

Uma dose do teu amor
do teu amor-amigo
Uma dose da tua presença canção
Uma dose é o que quero
Uma dose é do que preciso
Uma dose, é o que me faz cada dia mais feliz.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009



"Por você faria isso mil vezes!"


Essa é a prova de total devoção, um amor infinito, dita várias vezes por um menino a seu grande amigo, que muitas vezes não soube retribuir-lhe. Ofendeu, debochou, maltratou, ignorou, afastou-se dele, inventando uma grande mentira. E o pior, o amigo devoto, talvez nem desconfiasse do motivo. O motivo nada mais era do que a covardia do amigo que não o salvou, quando precisou. Que por ele, não fez o mesmo...
Aí eu penso, sobre quantas vezes somos covardes para enfrentar nossos próprios amigos, as pessoas que nos são mais preciosas, seja para defender, seja para confrontar.

" - Existe todo tipo de coragem- disse Dumbledore sorrindo. - É preciso muita audácia para enfrentarmos os nossos inimigos, mas igual audácia para defendermos os nossos amigos."

Dependendo da situação, quão delicado é falar sobre o que nos incomodou, ou pedir desculpas por algo feito ou não feito, por admitirmos nossa parte na "tragédia". Às vezes, é uma dificuldade nossa. E o que acontece então?Muitas vezes nos fechamos, nos afastamos, agimos de modo estranho ao "normal" na relação. Podemos até agredir. E além de machucar o outro, negando-lhe uma resposta para tantas mudanças de comportamento, acabamos por carregar o peso de não compartilhar aquele incômodo. Tristeza por não mudar o rumo da história que pode levar anos assombrando-nos...

Entretanto, nós podemos mudar, nós podemos! É preferível deixar a carapaça cair, admitir que não somos perfeitos e falar a verdade que muitas vezes é dolorosa.

"- A verdade- suspirou Dumbledore - é uma coisa bela e terrível, e portanto deve ser tratada com grande cautela."

Se o amigo for maduro o suficiente, saberá lidar com ela e o melhor, saberá perdoar e reconhecer seu erro se esse também for o caso. A recompensa é maior, ter de volta o amigo, além de fortificar a relação.

Nem sempre é fácil falar das situações que nos afetam, até porque não deixa de ser também, falar de sentimentos, e falar de nossos próprios sentimentos pode ser a maior dificuldade, principalmente se não queremos machucar o outro. Isso não é fácil. É uma habilidade pessoal, mas que também pode ser aprendida, aos poucos...E é bom que estejamos preparados para que, ao desabafar a verdade, o resultado talvez não seja como esperamos, prever a reação do outro é incerto, só podemos imaginar pelo que conhecemos dele. É probabilidade acertarmos ou não.

Analisar a situação, pesar a sua delicadeza, a sua seriedade e buscar a tranquilidade pessoal, contando ou não o que nos aflige, é uma escolha nossa. Nem sempre estamos preparados para isso, como é o caso do menino que não defendeu seu amigo devoto. Às vezes, buscar ajuda de um outro, pode ajudar na decisão. O ideal, nesses casos, em que o amor- amigo é sumamente importante, não devemos deixar escapar a chance de enfrentar a situação, de pelo menos tentar, mesmo que não sejamos hábeis o suficiente, porque deixar de molho a nossa falha, ou a falha do outro, achando que cair no esquecimento é a saída pra ter paz, pode ser um grande erro.
"Há um jeito de ser bom de novo"- disse Rahim Khan em O caçador de pipas. Ele acreditou no menino, agora adulto, que ele poderia reparar a omissão e as atitudes idiotas realizadas no final da infância. Quando a gente não acredita, ter alguém que faça a gente acreditar que é possível, certamente ajuda bastante, mesmo quando nos achamos incapazes de mudar o rumo da história, da nossa própria história.


terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Em boa hora


- Boa noite -disse tranquilamente a moça que viera fazer-lhe a visita.

-Boa noite- respondeu-lhe educadamente e com aquele conhecido abraço forte.


Deixou suas coisas no quarto e foram comer algo. Era hora do lanche.

A chuva caía grossa naquela sexta-feira, friozinho gostoso. Enquanto o lanche não saía, mal tiveram tempo para suas conversas pois os meninos apareceram, o mais velho mais falante; o mais novo, com seus dentinhos de leite, bastante mandante.
"Esse vai dar trabalho", pensou a moça.
Um pretinho, pequenino e a cara do pai. O outro, mais clarinho, olhos puxados, lembrando mais a mãe. Um falava, o outro discordava, tudo muito simples e natural, ora, irmãos.

Lanche feito. Todos subindo para o quarto mágico. O quarto de lembranças e de muitas promessas.

Logo mais, uma barreira ultrapassada.

-E, então...?- Perguntou o anfitrião.

Honestamente a visitante discorreu sobre os acontecimentos recentes e no final admitiu.
Corpo fatigado e doído. Clareza das coisas. O resto é detalhe.
Mas, os detalhes também fazem a diferença e aquela frase de Kathleen Kelly não poderia vir em melhor momento:"Esse 'nada' significou mais para mim do que muitos 'algos' ".

A visita estava chegando ao fim.

-Obrigada mais uma vez- agradeceram ambos.

E lá se foi a noite em que voltou à superfície. Sentindo-se como Harry após a segunda tarefa, aliviada por voltar a respirar em território conhecido e por saber que não estava fora do torneio. E também, um pouco boba por levar à sério aqueles versos da canção sereiana.
Entretanto, depois do susto do mergulho, das poucas surpresas e muita previsibilidade ela pode dizer que valeu. Coragem e nobreza têm seu valor.