quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Encontro das águas

Sem querer te perdi tentando te encontrar 

por te amar demais sofri, amor 
me senti traído e traidor 
Fui cruel sem saber que entre o bem e o mal 
Deus criou um laço forte, um nó 
e quem viverá um lado só?
A paixão veio assim afluente sem fim 
rio que não deságua 
Aprendi com a dor nada mais é o amor 
que o encontro das águas
Esse amor
hoje vai pra nunca mais voltar
como faz o velho pescador quando sabe que é a vez do mar 
Qual de nós
foi buscar o que já viu partir, quis gritar, mas segurou a voz,
quis chorar, mas conseguiu sorrir?
Quem eu sou 
pra querer
Entender 
O amor

Jorge Vercillo

sábado, 3 de setembro de 2011


Eu me sinto agoniada quando vejo conhecidas, próximas, e até distantes pessoas se vangloriando de quem são, ou de como se veem, ou de como estão, seja da maneira mais simples, seja da mais estruturada. Não posso negar que admiro quando sabem enfrentar de maneira objetiva e às vezes até brincalhona uma das perguntas que pode incomodar e que muitas vezes não se tem resposta : Quem é você?

Em diversas situações não me senti e acho que não me sinto confortável em tentar responder, é porque responder de fato, sempre será uma pergunta em aberto para sempre serem acrescentadas coisas, redefinir outras, talvez retirar alguma coisa. Transformação constante. Essas são as palavras. Talvez por isso, a mesmice não seja tão atraente...E falar disso, me traz tantas coisas na cabeça, como a "sociedade do espetáculo", "egocentrismo", os planos, frustrações. Talvez, responder essa pergunta seja incômoda também quando não se está bem consigo mesmo, quando não se está satisfeito, porque enxergar o que você é, ou pelo menos tem sido, não lhe agrade. Mas, o pior não é isso. O pior é optar em não tentar melhorar, em não tentar fazer algo que lhe deixe mais feliz, mais satisfeito.

Ter visto o programa "Roda viva" e sendo o entrevistado um filósofo de peso, me fez ficar refletindo muito mais...E lembro de um professor de Gestalt que dizia, 'parece que todos tem medo aqui de se polarizar', durante a apresentação da turma para ele conhecer. Todos rimos, é verdade. Ele, enquanto representação de uma corrente da psicologia em que fala de dinamismo, do risco da polarização do 'jeito de ser', certamente foi um dos fatores para praticamente todos, se não me falhe a memória, se apresentarem com suas características positivas e seus 'mas' correspondentes, para não parecerem ser pessoas inflexíveis, prontas e acabadas. Mas, uma coisa que aprendi, e acho legal isso, que o ser humano 'é' em situação. E, penso que seja assim. A situação que nos rodeia e nossa história de vida vai nos direcionar para determinadas ações, e muitas vezes, nos surpreendemos com algumas coisas que falamos ou fazemos. Causa espanto! Quem aqui já não sentiu isso ou ouviu alguém falar isso "não sei onde arranjei coragem", " como pude fazer aquilo" , " nem parecia eu". E o eu é, em situação. E por isso, o professor completava: " Então, nós não somos tal coisa, nós estamos."

Outro dia, ouvi uma conversa entre dois vizinhos, e , o mais velho perguntava ao outro "E então, o que tens feito além de estudar?". Dizer aqui que sensação eu captei pela expressão do interrogado é de pensar que ele  se sentiu abalado e até, ultrajado! No fim das contas, eles se afastaram e não acompanhei o desenrolar, mas me fez ficar pensando nas cobranças, em que 'é preciso' que tenhamos sempre uma super novidade, uma coisa legal de se fazer, algo que inspire alegria e me permito arriscar, inveja à quem ouve. Uma eterna obrigação de sermos sempre interessantes!
Fiquei pensando em quantos planos aquele cidadão talvez possa ter e até atividades que mesmo rotineiras, que ele as realiza e lhe dão apreço e satisfação, e sendo acusado de "apenas" estudar! Ora, mas não pude obter informações clandestinas para confirmar minha hipótese, sua expressão foi de total cena de culpado, e perdedor.
Tem certas coisas que a gente fala ou comenta sobre a vida do outro e nunca se sabe que dimensão aquele comentário pode tomar na vida de alguém. É preciso ter cuidado, não é?

O fato é que a gente vai vivendo e se dando conta de quem se é, aos poucos, ou imediatemente, ou, para alguns, esse dia nunca chegue, e continuar vivendo em fantasias e ignorando que outros caminhos o seu 'eu' poderia tomar. Sabemos que existem pessoas assim, que procuram se encontrar em caminhos sem saídas e é lamentável que não queiram e não tenham apoio necessário para tomar outro rumo...

Não tenho pretensão de filosofar aqui baseada em todos os literatos que versam sobre quem é você, ai de mim, apenas devaneando e cumprindo o que esse espaço me fornece. Guardar pensamentos e de certa forma, acalmar minhas atividades pensantes. 

quinta-feira, 28 de julho de 2011

                                       Praia de Mangabeira, em Ponta de Pedras-Marajó

Sim. Sim, foi mais fácil encarar aquela gente naqueles dias. Na verdade, não tinha tanta gente assim que me rememorasse outras lembranças menos prazerosas.
Poder desfrutar mais o verão que convidava, o vento nos cabelos, a areia no pé, as ondas crescendo, o brilho dos raios de sol na superfície das águas, o sorriso no rosto!
E houve dessa vez quem aceitasse o convite de apreciar a bela paisagem e matar saudade nas conversas recentes e recheadas e boas histórias e memórias. Nada como uma boa companhia para melhorar o gostinho do verão. E não faltava concorrência para levar-lhe a companhia. Era o marfim de novo, fazendo brotar o sorriso e acolher como sempre. Com o mesmo espírito de quem respeita, de quem brinca, de quem escuta, de quem entende.
E, qual surpresa, outro convite foi feito por quem também apreciou a companhia passada, na calma, na brincadeira e na gentileza. Uma plantinha ficou da semente deixada um ano atrás. Muito bom! Agradecida sempre.
Que venham mais verões como esses, mais sorrisos e mais boas histórias para carregar na lembrança.
Sim, foi mais fácil reviver o refúgio maravilhoso desse verão.

segunda-feira, 27 de junho de 2011





Eu sei, jogos de amor são pra se jogar
Ah, por favor não vem me explicar
O que eu já sei, e o que eu não sei
O nosso jogo não tem regras nem juiz
Você não sabe quantos planos eu já fiz
Tudo que eu tinha pra perder eu já perdi
O seu exército invadindo o meu país
Se você lembrar, se quiser jogar



Me liga, me liga
Mas sei, que não se pode terminar assim
O jogo segue e nunca chega ao fim
E recomeça a cada instante, a cada instante
Eu não te peço muita coisa só uma chance
Pus no meu quarto, seu retrato na estante
Quem sabe um dia eu vou te ter ao meu alcance
Ai como ia ser bom se você deixasse



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Paralamas do sucesso- Me liga

sábado, 21 de maio de 2011

Tá bom, não esperava essa visão. Já estava feliz por encontrar-se no lugar em que realmente deveria estar. Depois de longas semanas de risos, (re) descobertas, voltando pra casa sentindo o vento gostoso no rosto, bagunçando os cabelos, sabia que viria a batalha pra preparação para a reta final. E não foi moleza a (re)adaptação. Tudo novo de novo.
Fugindo do frio, encontrou um lugar seguro, mas antes disso, seus olhos curiosos naquele novo ambiente o  viu passar. Nada demais, pensou, apenas deixou-se apreciar a beleza que passava na sua frente e fazer suposições.
A segunda visão foi numa fila comum, com três falantes amigos e um, menos, a razão de suas suposições, calmo, tranquilo, responsável, claro. Mais uma vez deixou-se apreciar.
Depois, simplesmente, com o passar dos dias, impossivel não sentir vontade de deleitar-se ao vê-lo chegar, ou passar. E, pra sua surpresa, e para a dos outros, a visão se aproximava mais e mais até também encontrar um lugarzinho. Mais perto do deserto. Um olhar e um sorriso. E pronto. Aí aconteceu a maravilha e a desgraça. O oásis e o deserto.
Não contava com a miragem entre eles.
O que houve e o que não houve entre eles, quem sabe? Lado a lado cotidianamente, mas fora do alcance.
Cansaço. O encanto se desfez, a paisagem mudou. A sede ficou, com algum esforço consguiu molhar a boca, mas beber, não. E agora, desidratando até não poder mais. A loucura já se aproxima, enquanto a visão se afasta.
Eterna miragem.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Quem por medo do amor que morre
Na hora que o amor percorre
Recua, se afasta e corre
Ouça o conselho que lhe dou
É só você morrer de amor
Que a chama do amor não morre

Quem por mágoa de amor se abate
Por medo que o amor maltrate
Ao invés de se dar combate
Ouça o conselho que lhe dou
É muito mais cruel a dor
Na casa que o amor não bate

Filosofia de amor não é rei nem doutor
Quem aprende
Só vai sair vencedor de um combate de amor
Quem se rende
Filosofia de amor só não é sabedor
Quem renega
Só vai prender seu amor e virar seu senhor
Aquele que se entrega
E o poeta é o professor
Que ensina todo dia
Filosofia de amor...

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Sábio Jorge Vercillo + Jota Maranhão...

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Por que às vezes é tão difícil semear um sorriso no dia-a-dia, e não digo, evocar gestos ou palavras, ou idéias engraçadas que provocam o riso dos outros. Falo do sorriso espontâneo, ele por ele mesmo, seja para quem você conheça, seja para quem desconheça. E este último é bem mais difícil.

Um sorriso pode ser um indicador de muitas coisas. Pode transmitir um 'olá, tudo bem?'; uma cordialidade; uma abertura para iniciar uma conversa; uma idéia de que você 'não morde' e pode ser mais um amigo a ser conquistado; ou simplesmente, um sentido de que o outro e até você mesmo existe.

Às vezes, muitas pessoas custam sorrir, não conseguem tirar aquela máscara séria e intocável, mesmo que por dentro tenham muita vontade de fazê-lo e, assim, convidar o outro a conhecê-lo. Simpatia.

Por que será que muitas vezes esse bloqueio existe? Medo? Mas medo de que? De mostrar ao outro quem você é? E o que você tem a esconder para querer passar despercebido pelos outros? Ou, não, mesmo não falando com ninguém, pode ser um motivo para chamar atenção de alguns que lhe dirigiram sentimentos de pena 'coitado daquele ali, só vive sozinho'; ou de antipatia, 'eu hein, não fala com niguém, metido'...

Por que será que muitas vezes esse bloqueio existe? Vergonha? Mas vergonha do que? Do que você se tem a se envergonhar para não querer e pior, acabar não deixando os outros se aproximarem de você?

Quão pode ser difícil 'ser sociável'. As pessoas tem seus limites em termos de habilidades sociais.Ainda que tenha muita vontade de conhecer outros, se aproximar, simplesmente não conseguem. Introversão.

Em casos extremos, é necessário ajuda sistemática de um especialista para introduzir alguns repertórios de socialização. Treino mesmo. Expor-se a essas situações.

Mas, que tal tentar sorrir? Dar um Bom-dia? Um olhar amigável?

Gestos falam bem mais que palavras, ou tanto quanto. Todos sabem disso.


"É mais fácil dizer o que os outros dizem do que dizer o que a gente sente."
(Gabriel Chalita)

Estou aqui. Com muitas ideias, sentimentos, sonhos, que palavras não expressam o que sinto ou o que penso.
Sinto saudades, das companhias que gostaria que estivessem por aqui. Pra me alegrar, me fazer sorrir. Para me escutar e eu as ouvir. Escrever é minha fuga, mas não ando tão encorajada a fazê-lo.
Sinto frustração. O que nem costumava planejar, de repente aparece, e me mostra quantas alternativas, e quantas experiências em outros chãos poderia ter. Eu não sei de tudo. Não sou a autoconfiança em pessoa. Preciso ouvir de outros quando bate a insegurança ou a indecisão.
Sinto impotência. Querer fazer algo, e não conseguir fazê-lo é horrível, ainda mais quando muita coisa poderia mudar por um gesto meu. Afinal, eu opero no ambiente, mesmo quando só o que faço é silenciar...
Sinto surpresa. Muitas coisas e 'tradições' que aconteciam,e nesses últimos meses não ocorreram, me causaram estranheza. É como se pela primeira vez eu percebesse que é possível seguir sem elas e não sentir um vazio...É muito estranho. E mais estranho ainda, é saber que as relações não estão perdidas nessas ausências de ritos, apenas...distantes.
Sinto tristeza. Cenários que deveriam mudar e não mudam. Não por falta de clareza, mas talvez por falta de maturidade, solidariedade e, principalmente, sensibilidade.Sufocamento, por não tentarem nadar...vão se afogando aos pouquinhos.
Sinto beleza. Caminhos que se cruzam, mas não se comprometem. A passagem do outro lhe afeta mas não desvia seu próprio caminho. Ou talvez sim...
Sinto alegria. Acompanhar aventuras alheias que me levam a outras caminhadas, na magia que as embala é muito gostoso. Fico feliz só de lembrar e por vezes, por conviver com esse mundo de encantos.
Sinto bem-estar. Confirmar no meu coração e no dia-a-dia porque certas pessoas estão na minha vida, é muito bom e gratificante.
Sinto retornar a sentimentos adormecidos. Sensações boas e engraçadas. Mas, que às vezes irritam. Tragicômico. Mas, a gente cresce...
Sinto calma. Escrever tem sua função. Já estou me sentindo mais estimulada a fazê-lo.
E como diz minha amiga: "E viva Freud que nos ensinou a arte de sublimar."

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Rendi-me à tua literatura.
Deixei minhas desculpas de lado que me adiavam ao teu encontro para receber-te como deveria. Despi-me dos preconceitos e erradas impressões. E no frio da madrugada embalado pela chuva fina que caía, te conheci aos poucos. Não era como esperava, era melhor.
Tuas palavras cosidas com tanto cuidado, que me faziam enxergar cada detalhe do que querias demonstrar. Eu me perco nas frases, reflito, repenso, repito. Suspiro. Por fim, sorrio. Por mais dolorosa que seja a passagem, a imagem, a ideia, as palavras, escolhidas tão carinhosamente, suavizam qualquer dor que possa provocar.
Mitos, lendas, atualidade, realidade. Uma mistura que me faz sentir mais próximo do contado do que do vivido. Por um momento, penso ser isso uma boa estratégia de enfrentamento; elaborar o que ainda está em quebra-cabeças, juntar, olhar, compreender e...deixar passar.
Deixar passar para poder viver. Viver o real. E fugir quando necessário para espairecer nos mares das tuas aventuras impressas.Das sensações narradas. Do encontro e reencontro.
Rendi-me à tua literatura.
Só não prenda meus pensamentos, deixe-me fluir...