terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O Mergulho


Um pulo no lago foi dado.
Mesmo sem conhecer o fundo.
Sim, molhou-se e com um pouquinho de ajuda conseguiu apreciar melhor o mergulho.

Sem canções de sereias ou monstros aquáticos.Uma concha ficou.
Dois seres na escuridão, ouvindo o som que vinha em ondas, o som gerado por eles mesmos.

E em seus pensamentos, um turbilhão de interferências em si mesmo.
E em seus pensamentos, o desejo de não voltar à superfície.
O mergulho era o que importava. Sem exagero nos gestos, nem acrobacias.
O movimento era conforme as ondas.
E aos poucos o vento foi rareando a superfície, a calmaria no lago viria em seguida.
Uma contemplação antes de respirar o ar da noite.
Antes do mergulho agora individual. Cada um, cada qual.

Apenas um mergulho?Um mergulho?
Sim, mas um mergulho longe de trazer o molhar-se somente.
O lago é um espaço de muitas surpresas.

domingo, 28 de dezembro de 2008

Thati

Tathi veja bem
a nossa história eu sinto
não acabou ainda, oh não!

Tathi, ouça bem
Em ti eu sei que há algo
Algo que não finda, oh não!

Tathi
Nada está no seu lugar
Tento não pensar onde está você
Se pintou o rosto, se sonha com outro
Se despe o corpo a alguém
Se chora baixinho e a passo sozinho
Espera num ponto em Belém
Um ônibus que demora e não vem

As estrelas vem dar seu "alô"
A chuva caiu, Tathi

por Renato Menezes

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Concretude



“She loves you, yeah, yeah, yeah”
Sim, ela ama você. É evidente.
A maneira como fala, a maneira como se porta.
A maneira como escreve, como suspira, a cada vírgula, a cada pensamento.
A maneira como cada detalhe de você revela um mundo de coisas para ela.
Isso é belo. Isso é amor.

As preferências, aquilo que os iguala e os aproxima nos gostos e interesses
É uma grande vantagem para a constância da relação.
O fato de não se cansarem um do outro, de simplesmente fluir...
E se vem o cansaço verbal, o toque compensa. Ou melhor, se apresenta.
Mas da forma pura e singela.
Cada movimento encontra a beleza na descoberta do outro.
Isso é belo. Isso é amor.

É na simplicidade do companheirismo que vocês andam.
Uma história pra contar. Uma história pra continuar, afinal, não precisa ter um fim.
Ainda mais quando o sentimento existe.
Então que seja assim. Você e ela.
A certeza do outro na completude e no sentido de existir os fundamenta.
Isso é belo. Isso é amor.

E é assim, o amor é doação e renúncia.
Eu sobreviverei.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Obliviate




Obliviate!
Este é um feitiço para apagar lembranças. É útil quando se quer tirar vantagem sobre alguém.
Pensando sobre este feitiço, refleti sobre a insistência de querermos fugir de situações desagradáveis do nosso passado.




Esquecer...esquecer o que nos causa incômodo. É muito mais fácil fingir que não aconteceu, ignorar. Assim, achamos que seremos felizes. Não. Ingênuo engano...
A questão não é esquecer. Isso não nos favorece crescer nas nossas atitudes, nas interações conosco mesmo e com os outros. "O passado já era" e assim queremos viver renegando alguns acontecimentos dolorosos vividos. Esquecemos que os momentos vividos e ações cometidas tem reflexo no presente.
Não percebemos que o passado faz parte da nossa história. Somos a nossa história. Isso é inevitável.
O fato é aceitar o que se fez e também o que não se fez. Não adianta "chorar pela poção derramada", mas também, usar "Obliviate" não vai mudar o presente, vai ser pior querer ignorá-lo. Irá descaracterizar o seu eu. Somos aquilo que fazemos e o que não fazemos. Aprendemos com as conseqüências das nossas atitudes (pelo menos assim deveria ser...) e apagando as lembranças incômodas não nos trará felicidade, paz de espírito, ou seja lá que nome for.
Se não aceitamos algum momento da nossa vida, é difícil esquecer. É difícil não se incomodar. É difícil se relacionar com situações parecidas. Travamos. Interfere no hoje de diversas maneiras e pode tomar tamanha amplitude que nem nos tocamos porque funcionamos assim. Não nos questionamos. Ou se o fazemos, não conseguimos fazer o link.
Por isso é importante não esquecer, não deletar, mas fazer daquela experiência uma chance de ser melhor em situações futuras, isso não fará esquecer, mas poderemos olhar para trás e pensar, "puxa, estou caminhando melhor", sabe, ver a própria evolução. Ou ser motivo para querer evoluir, caso olhemos e percebemos que continuamos o mesmo. Não que não mudar não seja bom, mas saber em que mudar para viver melhor com os outros e consigo mesmo. Essa é a chave.
Nunca nos entenderemos se não olharmos para o nosso passado. É a nossa melhor fonte de informação sobre quem somos.

sábado, 6 de dezembro de 2008

O coelho



Lá vai apressado o coelho
Tal qual um vento transloucado
Sem relógio, sem ponteiro
Procurando nos caminhos cerrados
O consolo de um celeiro.

Lá vai apressado o coelh0
Com compromissos a cumprir
E idéias a repensar
Sem relógio e sem ponteiro
Na varanda sem luar

Lá vai apressado o coelho.
Sem mistério ou receio
Neste tempo que o corrói
Sem relógio, nem ponteiro
E o desgaste não o dói.

Lá vai apressado o coelho.
Sem relógio ou ponteiro
Só uma direção pra ele existe
E descanso não o é.

Sua satisfação é egoísta e assim ele persiste,
só nesta rotina
Sem perceber a existência de alguém
Que espera do coelho apressado
Um minuto com ele ter
E uma atenção de bom grado receber.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Um segundo

Não pense mais
Que você não é capaz
De cruzar estas esquinas

O mundo oscila
Realmente, eu sei
Na beirada dos teus olhos

Pode acreditar
Diabo é quando não há mais poesia
O chão não está mais fixo do que seu olhar
Hoje pra ninguém

Mas veja só
Não torne este peso maior
Sem razão
Você tem todo tempo
E mais um segundo pra se convencer

Você, rapaz
Na verdade é um a mais
Percorrendo o mesmo círculo

O mundo oscila
Realmente, eu sei
Feito fogo nos teus olhos

Pode acreditar
Diabo é quando a lágrima não cai
O chão não está mais fixo em nenhum lugar
Hoje pra ninguém

Samuel Rosa- Chico Amaral em Cosmotron

domingo, 30 de novembro de 2008

Inquietação


Eis a palavra.
Palavra, palavras, dizeres, idéias...precisava de uma...de alguém...
A necessidade foi suprida e com uma certa eficiência, devo dizer.
E não foi apenas uma, foram muitas. E foi muito bom.

Nível mais leve, disse. Será?Talvez...
E pra minha surpresa, um convite, várias perguntas e uma auto-análise.
Posteriormente, o espaço, a conversa, revelações...Inquietação.
Que interessante, achei. Jogo aberto. Fim de papo.
Fim de papo??? É, fim de papo...

Ora, que mais esperar? Uma música para animar.
E o que ficou nos planos, ficou nos planos...mas, que bom que o que aconteceu foi muito melhor.

“Nível mais leve”, disse. E a confirmação veio depois. Sim, sem erro.
Surpresas escritas. Surpresas boas. Leveza.

Fim da inquietação???
Só o tempo irá dizer. E ele diz. Não só o tempo como a ação.

Entregar-se sem sentir? Melhor não.
Mergulhar é melhor, mesmo que não se conheça o fundo. Ou seria a fundo?
Não importa, a conseqüência é a mesma: molhar-se.

sábado, 29 de novembro de 2008

O Rei Gentil



Eis que na noite, na calma do reino surge uma donzela em perigo.
Perigo???Exagero.
Exagero ou não, o rei não se recusou a ajudá-la.
Sem saber por onde começar, a donzela abriu o coração.

E quanta gentileza!
Níveis leves são o início de tudo, disse o rei.
A conversa rendeu. E como.
Noite a dentro palavras e palavras.

Uma aproximação no mínimo curiosa.
Terras distantes. Geografia diferente.
Mas mundos parecidos, ou momentos parecidos.
O que conta mesmo, é a disposição. A abertura. A gentileza.
Disso, a donzela não reclama.

O inusitado encontro teve seu fim. Tinha que ter.
A rotina chegava com o som dos pássaros.
A missão do rei, de ajudar os outros fora cumprida: Donzela salva.
Mas não de um perigo real, apenas riscos imaginários.
Uma “penseira” às vezes não basta, é preciso uma visão de um terceiro.
E que bom que a visão veio do nobre e gentil rei.

Do Rei que honra o brasão rubro negro.
Do Rei que nunca aparece sozinho. Ou quando aparece, nunca está às claras.
Um Rei que não manda, aconselha. Que não retira dos outros, oferece.
Um Rei que está pronto para servir.
Afinal, Gentileza nunca é demais.
E o rei gentil jamais poderá negá-la. Faz parte de sua natureza.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Pensando o pensar

Posso pensar e não compartilhar. Posso pensar e compartilhar, com poucos. Posso pensar e escrever o que penso, sobre o que penso. Posso pensar, escrever os pensamentos, torná-los visíveis, mas para mim. Ou posso visualizá-los e escolher alguns para lerem. Ou escrever para os que irão ler. Ou simplesmente, escrever e todos os que estiverem dispostos e abertos a ler escritos desta que escreve, fica livre.

Não é de hoje que gostaria de ter uma penseira. Não mesmo. Já faz tempo... mas desta vez este foi o meio para a última opção poder ser alcançada. Não é de hoje que escrevo. Não mesmo. Porém, acho que me senti mais estimulada a tal feito. Não sei ainda quais os efeitos que essa escolha poderá trazer.

Pensar sempre o fazemos. Mas pensar de um modo poético, isso exige mais. Não pontuo as exigências, mas sei que as encontrarei, e cada um que o faz também as encontra. Tudo depende do que se quer alcançar, entretanto, nem sempre estamos habilitados para almejar tal efeito.

Como diz Amaury "No pensamento a gente voa", mas também é por ele ou nele que caímos. Isso é um fato.

Espaço para exercitar nada mais do que a transcrição de pensamentos, mas de uma forma própria. Textual.
E caso eu não consiga expressá-los, outros conseguirão, até quem sabe, bem melhor do que eu...

Vamos ver no que vai dar...