terça-feira, 30 de junho de 2009



Estava acostumada a acompanhar progressos e recaídas daqueles pequenos seres e paralelamente dos anseios e expectativas de suas mães. A maior parte sempre tinha final feliz, ou melhor, uma partida feliz, para a casa. Só sorrisos e se vinha lágrimas, era pela notícia boa e pelo adeus de felicidades. Naquela manhã, as primeiras horas foram tranquilias, uma mãe nova e algumas perguntas, mas antes que esperasse, o Dr. aparecera na salinha e disse: "dá licença, vou conversar com os pais, mas pega uma cadeira e me acompanha." Claro, a história já tinha lhe dito que era assunto delicado. E, para sua inexperiência, era um delicado pesar. Como algo delicado pode ser tão pesado? Tão doloroso, tão...irreversível...?!


Um bebê se fora e os pais ficaram. Ficaram desolados, ficaram estupefatos, ficaram desesperançados, desesperados. Choros, gritos, não aceitação. Era terrível demais perder um filho, perder uma criança, perder um bebê! A cena persistiu durante toda aquela manhã. Corre-corre, pessoas desconhecidas, ausência da preceptora e as tentativas de amparo da desolação, do incoformismo ora vinha da familia, ora vinha da assistente, ora da técnica, e no meio de toda aquela situação, a aprendiz, tentando fazer o melhor. Mas inexplicavelmente, só ficou na intenção...palavras lhe faltaram, a assistência foi mais com gestos do que com palavras. Os que vinham ajudar falavam de Deus, de suas experiências, faziam comparações, empatizavam com a dor daqueles pais, e a aprendiz, paralizada. Anestesiada. Não podia intervir com argumentos divinos, não podia intervir com experiências parecidas (nem sequer passou por alguma), e o que podia fazer era acolher e permitir o choro. Mas o choro, não era um lamento. Era desespero, era grito, era revolta.

As horas transcorreram agitadas até, pelo final da manhã, a aceitação e uma calma aparente dos pais. Um suspiro, mas a tensão permanecia. A aprendiz saiu daquele ambiente que traz e recupera a vida e enfrenta a morte, com um nó na garganta, depois de tanto ver lágrimas rolarem, vozes embargadas, desconsolo...Se recebesse um abraço cairia no choro, tinha certeza disso. Mas quando isso aconteceu, os abraços, aguentou, ainda não era o momento, nem o lugar. Mais umas horas depois, em companhia da amiga que já presenciara certa vez um nó na garganta, narrou em detalhes o acontecido e aí desabou, chorou, soluçou, como se carregasse toda a dor dos pais e mais as suas, as suas angústias sobre seus questionamentos quanto a sua atuação, sua falta de experiência, seu autocontrole de não querer errar... E ainda mais, ouvindo as palavras caridosas...ela era o choro, ela era a acolhida, ela era a fragilidade, ela era..ela mesma.


Mais abraços recebidos, e dessa vez sem palavras em demasia, sem narrações, apenas carinho, atenção, compreensão.

Não nega, que a sensação de pesar ficou no ar até a próxima conversa e análise, sem mais cobranças apenas a mensagem: "então, gatinha, você fez o seu papel, sim."


Sim, fizera, tão discretamente, que talvez nem ela tenha reparado e, se deixou a desejar, errar por falta ou excesso faz parte. É um aprendizado constante. O que vale é a não desistência e o reconhecimento de seus próprios limites: "Que bom que choraste..."

sábado, 13 de junho de 2009

Eu não me canso. Não enjôo. Não reluto. Não adio. Não descaso.


Quanto mais te tenho, mais te quero.

Quanto mais te ouço, mais te bebo.

Quanto mais te sinto, mais eu vibro.

Quanto mais me narras, mais eu vivo.


Quanto mais me tocas, mais confio.


Quanto mais te vejo, mais ansio.


Quanto mais te olho, mais sorrio.




Quanto mais pertencemos a um só mar, mais quero navegar. Contigo.

Quanto mais doses há, mais feliz é meu estar.


nline

Carta para um sonho.


Caríssimo,

Os caminhos foram feitos para serem percorridos. E aqui estamos nós, no seu um, no seu qual.


"mas o caminho só existe, quando você passa..."


Qual? Qual é ele?Um caminho?Dois?


Quem sabe dois encontrando um só?


"eu só quero saber em qual rua, minha vida vai encostar na tua..."


Já obstinados, encontramos o que nos pertence, mas a quem queremos nos pertencer?


"vontade gêmea de ficar e não pensar em nada..."


E o além? E o outrém? E o...passado?


HA!


Eis a questão. E o passado? Não se fala mais?


Engano seu. Mais vivo neste presente.

"é força antiga do espírito gerando convivência de amizade apaixonada..."


Ouvir, decifrar, receber, retribuir.


HA!


A questão sabemos, mas não a resposta ainda. Mas juntos buscaremos.

...


Loucura? Devaneio?


Não. Sim. Não!


Cumplicidade. Comunicação.
"mesmo que a gente se separe por uns tempos ou quando você quiser lembrar de mim..."
Leveza...


"Mil acasos me levam a você no início, no meio ou no final, me levam a você de um jeito desigual..."


Caríssimo sonho...Sonho?
Tão real. Tão vivo. Tão aqui-agora. E é só o começo!
"sem explicar eu vi num terreiro um trevo de cinco folhas que é muito mais raro..."
*trechos de música do Skank e da Ana Carolina



A idéia me veio, ao ver um mísero tempo livre.

Sem filmes, sem livros, sem discursos. Só saudade, só vontade.

Vendo seu nome dando sinal verde, segui consultando insanamente um horário.
Corre-corre. Pela ânsia de presente estar, telefonemas deixei a desejar. Andanças...


Celebração percebi.

Vibrei quando te vi, como de costume, como de costume...

Enquanto, nem planejava, aquela idéia se formava, sem dissipar os impulsos.


Dermes, epidermes. Filo-sofias. Um bem-estar. O bem-estar.

Quebra-costelas, guardado e bem guardado. Melhor, sentido.

A brecha, nós fazemos. Registros e registros, ...e o selo ficou em pensamento, como de costume, como de costume...


Nem por isso, a sensação foi descartada.


Encantada duplamente.

terça-feira, 9 de junho de 2009





Hoje vi, duas sementes sairem pra solo firme, sair do vaso de tantas e tantas semanas.


Aquelas que eu vi nascer, eu vi chorar, eu vi acalmar e vi esperançar.

Saudades terei do tempo que ao lado fiquei. Auxiliando aquelas que lhes trouxeram à vida e que dia, tarde e noite só lhes tinham no pensamento, que se esforçavam e de tudo faziam.

Saudades de todo o processo. Da aproximação estranha enfeitada de adereços nada estimulantes que geraram medo, insegurança que aos poucos tornava-se habitual e não assustava. Daquele contato com as vigilantes verdes que lhes contavam das artes e manhas, dos progressos e dicas. Das horas de visitas, dos termos técnicos e das aprendizes querendo e sendo antenadas ao que ocorria. Torcendo a cada evolução e acolhendo cada frustração.

E depois de quatro dias, sem ver as lindas sementinhas, cheguei no jardim, naquela dúvida se já teriam ido pra outro terreno ou se ainda estariam por lá, para mais um acompanhamento, já que tudo indicava que logo, logo iriam embora. Tal foi a minha surpresa de no fim do dia me darem a notícia da mudança. Um aperto no coração, emoção sem dúvida. Pelas sementinhas que resistiram e mostraram ser mais fortes que julgavam suas próprias progenitoras. E por elas, lógico, as mulheres maravilhas e maravilhosas, falantes e de olhos brilhantes. Mais que isso, mães, de primeira grandeza.


Qual a minha intervenção final? Mais do que orientações sobre cuidados e expectativas desenvolvimentais, eu desejo muito amor no terreno familiar, aquele que há muito ansiaram suas sementes plantar.


online

sábado, 6 de junho de 2009



Hoje senti sua falta.

Na beira da calçada, andando na grama vendo o rio e o luar.

Queria pois, um sorriso parceiro, daqueles de aconchego, sem pretensão de ser...

Penumbras, ruídos ao longe, clima sereno e no pensamento um desejo.


Seria isto saudade?


Uma ausência constante. Um conjunto de movimentos em latência...em não ter, sem poder, escurecer...deixar e rarear.


Agora só lembranças.