sábado, 28 de janeiro de 2012

Passagem de tempo

E ela estava perdida, só, repensando suas atitudes. Tentando não se afogar. O sol já não mais brilhava, nem para vê-lo nascer, nem para vê-lo se pôr. Dias de agonia, menos sono, menos palavras, apenas a música lhe acompanhava e lhe dizia o que estava em seu coração, ou do que restava ainda dele.
Dias e dias intensos de muita alegria e muitas descobertas e, de repente, o mundo pirou! A realidade chegara e ela não estava preparada para todas aquelas exigências. Pediu socorro, atenção, afeto. E sufocou quem podia   lhe ajudar a nadar, apenas por querer sobreviver aquilo tudo. À margem chegara, porém, sem estar com quem realmente queria...

E de lá de longe, surge a oportunidade do desabafo, sem as metáforas constantes e preciosas. Ela, enfim, já conseguia deslumbrar um pouquinho do sol, que lhe aquecia e lhe iluminava. Luz! Era o que precisava. Era o que ansiava. Cansada de tantas nuvens. Falar, falar, refletir, autoanalisar, autoavaliar. 

É crescimento, é amadurecimento, é a doçura na consistência. É um insight. É uma constatação. É emoção. 
Nova fase, dores presentes porém passadas. É viver novamente. No samba ou no rock, ou no sambarock. Na mistura que vier. Sim! Ela quer viver, ela pode viver, ela vive!

E a doçura e fortaleza permanecem, mesmo quando se cruzam com a fragilidade e a loucura...E ela segue, cantando...

sábado, 14 de janeiro de 2012

Bateu um choro. Um choro de perda, de transição. Lembrou-se do criador de Peter Pan ao dizer "Ora vejam só, a infância acabou". Sim, era exatamente essa situação. A infância acabara para ela, para dar margem à infância de outro, e à adultez dela. Saiu como filha e irmã para voltar como mãe. Um pulo e tanto. Uma fase e tanto. Medo. Ansiedade. Confiança. Solidão. Aventura.
Novos sonhos começam, atenção para o ser futuro. Não é apenas ela. Ela e mais dois. Dois. Nova família.
Aceitando fatos e realidades. Mas, perguntaram-lhe "qual o significado da viagem?". Nossa, uma pergunta digna de um setting terapêutico. Não ousou responder, apenas rebateu. Sim, intimamente ela admitiu o verdadeiro significado: viver aquela experiência com alguém com quem compartilhara a vida toda e que, quando se virem novamente, sim, ainda compartilhararão, mas não como antes. As atenções serão outras. Momentos como os que tiveram antes não voltarão mais...
Pensando, percebe que se perde presa às (in)viabilidades financeiras e materiais e esquece que para se estar ao lado de uma pessoa tão querida, vale a pena o esforço. É muito significativo. Não é loucura. É desejo do reencontro num lugar diferente que remete à infância de uma e adolescência de outra, e ao passado recente comum a ambas. Não importa o frio, a acolhida e a companhia darão conta do calor afetivo de que precisam.
É muito mais que uma viagem, é um aprendizado, é vivência, é cuidado, é amor. É ter história para contar. Mais uma, por que não? Não é o fim do vínculo, é apenas uma nova etapa que vale a pena viver.
Tenha uma excelente viagem. E voltem sempre!