E lá estavam elas três, sentadas naquele banco, uma ao lado da outra, uma invisível a outra.
E lá estavam elas três, se alimentando de seus próprios pensamentos, uma ao lado da outra, uma invisível a outra.
E lá estavam elas três, esperando o sinal e, talvez quem sabe, ao se levantarem, aquela barreira do silêncio pudesse ser rompida.
"Chama-se penseira, às vezes eu acho, e tenho certeza de que você conhece a sensação, que simplesmente há pensamentos e lembranças demais enchendo minha cabeça" (Alvo Dumbledore, em Harry Potter e o Cálice de Fogo). Este blog é a minha Penseira e tal como, Alvo Dumbledore, utilizo para colocar lembranças e pensamentos a serem refletidos ou guardados.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
sábado, 8 de maio de 2010

Mês de maio, o comércio já propaga: "compre logo o presente de dia das mães, aqui a melhor oferta". Ora, sabemos sim, que mães devem sim ser homenageadas e reconhecidas. Entretanto, nada mais que a presença e o carinho de um filho seja o melhor presente. Imaginem, todas as mães que perderam seus filhos para a criminalidade, para as drogas, para a violência. Que viram seus filhos morrerem em assaltos, em atos de vandalismos e preconceitos, por erros médicos, por estupradores...ou simplesmente, a dor maior, ter um filho desaparecido, sem saber de seu paradeiro. Nem sequer um luto podem guardar, pois sempre ficará a pergunta de onde ele está, e a esperança que esteja vivo e que um dia volte.
É muito triste sem dúvida, a condição de um genitor sem a sua criação, seu investimento afetivo, sem os sonhos de vê-los completar o ciclo natural da vida. Etapas incompletas. Vidas roubadas, ceifadas antes do tempo. O sentimento é de inconformismo, principalmente quando poderia ter sido evitado e ficam no condicional 'se' ele tivesse ficado em casa, 'se', eu estivesse mais presente, 'se's...e junto a culpa e muitas vezes a dor da impunidade dos responsáveis pela morte de um filho. Não é fácil. Pode ter a idade que tiver, pode ter vivido o tempo que for, mas um filho ir antes da mãe, é antinatural.
Eu lembro que ano passado, em meados de junho, assisti uma das cenas mais chocantes na minha vida: o desespero de uma mãe que perdera seu filhinho de dois meses, numa complicação cirúrgica. Nossa, eu enquanto aprendiz ainda, naquela UTI, não foi tarefa fácil aguentar a barra sem a minha preceptora por perto. E, o pior não foi a noticia, os lamentos, foi a cena da jovem mãe debruçada sobre aquele corpinho pequeno, gorduchinho de leite materno, com poucos cabelos na cabecinha. Imagine, o que é consolar uma mãe nesse contexto ou em qualquer outro, ao ver o filho morrendo, ou já sem vida. E no fim do ano passado, para minha surpresa e tristeza, mais outro choro desamparado de uma mãe. Dessa vez, foi mais forte, porque eu tinha vínculos estreitos com quem morrera cruelmente. O consolo não vem não é mesmo? Só podemos acolher... E um dia desses, após o noticiário sobre o caso da mulher que foi fazer um parto e não encontraram feto algum na cesária, levantou muitos questionamentos em casa, cada um com uma hipótese e, sem esperar, minha avó relembrou do único filho homem que nasceu com vida, e morreu aos 7 meses por falta de assistência médica. Dizia que ele já a reconhecia, ouvia sua voz e se alegrava. Lágrimas vieram aos seus olhos e ela parou e então disse, 'não gosto nem de me lembrar...'
É fato, nenhum dos temores de mãe envolve a morte precoce de algum de seus filhos. Elas tem medo de tantas coisas, mas da perda da vida, isso não nem passa na cabeça delas!
Meus sentimentos e coragem a todas as mães que infelizmente, hoje, não podem comemorar a alegria de ser mãe ao lado de seu filho. Afinal, mãe só é mãe porque um dia gerou e cuidou de um filho e, o melhor presente, longe de qualquer comércio, sem dúvida, é a presença e a companhia de um filho que já se foi.
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